22/09/2016 13:00:50
Cidades
Educação emocional e social promove respeito à diversidade em Arapiraca
Comunidade escolar tem a identidade nordestina valorizada e autoestima renovada por meio da Metodologia Liga Pela Paz
Samuel AlvesAo som das cordas de violão do professor Manoel Pedro, as crianças cantaram músicas do acervo psicopedagógico da Metodologia Liga Pela Paz
Agência Alagoas

A viagem pelo Brasil da Metodologia Liga Pela Paz faz um tour pelas vastas e ricas regiões do mapa territorial. Nesta semana, os alunos do 3º ano “B” da Escola de Ensino Fundamental Manoel João da Silva, no Sítio Carrasco, em Arapiraca, desembarcaram no Nordeste do mandacaru, do frevo e do cacau.



Ao som das cordas de violão do professor Manoel Pedro, as crianças cantaram músicas do acervo psicopedagógico da Metodologia Liga Pela Paz, ferramenta do Programa Educação Emocional e Social, implantado este ano nas escolas da rede municipal arapiraquense, uma parceria entre Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), prefeitura da cidade e organização Inteligência Relacional.



“Somos Iguais” e “Eu sou da Liga da Paz”, do compositor Rodrigo Queiroz, deram início à aula de Cultura de Paz e Não Violência. A missão do professor violeiro, Manoel, era desbravar ora por meio de letra e melodia, ora por intermédio de diálogos e textos educativos, a diversidade e riqueza do Nordeste, como meio para a valorização da identidade cultural e, principalmente, do diverso como caráter ímpar do país e ferramenta essencial na construção da paz.

 

O passeio pela diversidade de tudo que há na terra cai como uma luva, especialmente, para a Escola Manoel João, uma vez que esta está localizada em uma comunidade remanescente quilombola. Muitos pais desses alunos são descendentes de escravos.



“Nós já trabalhávamos a diversidade cultural em razão da realidade do Carrasco. E aí percebemos que os livros da Metodologia Liga Pela Paz desenvolvem muito bem esse tema. Tem sido um ótimo complemento para a educação de nossos alunos”, disse a diretora da escola, Márcia Lúcio de Melo, que observou ainda: “Termos uma escola aqui foi um grande avanço das reivindicações da comunidade. A autoestima dos alunos era bastante baixa, porque eles não aceitavam a sua cor. Na verdade, ainda hoje enfrentamos essa barreira”, ressalta ela.



Além disso, a metodologia também tem ajudado a lidar com os problemas oriundos de casa e que afetam diretamente a vida escolar das crianças, como pontua o professor Manoel Pedro: “Em nossa escola havia muitas brigas, comportamentos agressivos trazidos de seus núcleos familiares. A partir do momento que foi implantada a Liga Pela Paz, isso mudou. Foi um efeito quase instantâneo. Ainda temos muitos frutos bons para colher”, ressalta Pedro.



Um desses frutos já pode ser comemorado ao ouvir o aluno Gabriel da Silva Jesus, de 9 anos, explicar o que é ser igual e ao mesmo tempo diferente. “Quando uma pessoa é preta e a outra é branca, eles são iguais, porque são pessoas, mas são diferentes no comportamento, na roupa”, disse. E concluiu: “Somos todos irmãos. Não importa a cor ou origem”.

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