O Polo Agroalimentar de Arapiraca está avançado em sua vocação declarada de servir como área para experimentos e práticas de inovação tecnológica que beneficiem a produção agrícola do agreste.
Graças a um desdobramento de um dos projetos do edital para pesquisas voltadas ao Canal do Sertão e ao Semiárido Alagoano, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), o Polo recebeu um protótipo de estação energética de baixo custo, integrando um painel solar e uma torre eólica, para rodar um sistema de irrigação que economiza água e energia, graças a um sistema digital customizável, que se alimenta das informações de cada local sobre seu solo, os vegetais que serão plantados e a meteorologia.
No começo da pesquisa, um outro protótipo inicial foi construído e instalado no campus Maceió da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A instalação de Maceió atingiu os objetivos de verificar o funcionamento dos painéis solares e do aerogerador e fez mediações, para verificar se a energia gerada lá seria o suficiente para acionar o sistema de irrigação previsto para o Polo desde o princípio do projeto.
Com a instalação na Ufal foram feitos alguns ajustes, a partir dos testes realizados. A ideia, agora, é que a energia gerada pelo aerogerador e painel solar, que já estão instalados no Polo Agroalimentar de Arapiraca, seja suficiente para funcionamento do sistema de irrigação.
“Agora, aumentaram as possibilidades de pesquisas”, explica o professor Dácio Brito, coordenador do projeto, doutor em Agronomia e docente da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). “Queremos que este protótipo planeje um sistema de irrigação pensado para o Canal do Sertão, que é a nível do solo”, explica.
Diversificação e economia de água
O pesquisador adianta que será utilizado o capim-elefante para testes de culturas no Polo Agroalimentar de Arapiraca. Já que a espécie consome muita água, pode ser utilizada como um pico de referência nas necessidades de irrigação, abaixo do qual todas as outras culturas ficam viabilizadas.
“Mas ele também tem uma grande importância como suporte forrageiro para alimentação animal, sobretudo bovina”, acrescenta Dácio Brito. “Mas o sistema de irrigação prevê um software adaptável a todos os tipos de cultura, que pode ser ajustado sempre”, observa.
Assim, fica aberto o caminho para testes sobre a viabilidade do cultivo de diversas hortaliças e frutas, que possam diversificar a agricultura familiar das comunidades no agreste alagoano e, futuramente, nos arredores semiáridos irrigados com o Canal do Sertão, por uma nova Alagoas.
“Numa irrigação por gotejamento, se gasta 20 por cento do que se gasta numa irrigação por aspersão”, comenta o agrônomo.
Viabilização energética
Devido a viabilização energética do sistema de irrigação através do aerogerador e painel solar, já se prevê que haverá sobra da energia utilizada no sistema de irrigação.
De acordo com os desenvolvedores do protótipo, os professores da Ufal Davi Brito e Márcio Ribeiro, o uso de energias alternativas gera 2,5 vezes empregos a mais do que o uso de combustíveis fósseis, e há um aumento de 50% por cento na eficiência de produção energética quando se utiliza duas fontes renováveis, no caso, a solar e a eólica.
“A próxima etapa será pensar como utilizar este excedente de energia e o plano é utilizada no próprio Polo; depois transporta-se esta ideia para o contexto de utilização familiar, pensado no consumo de uma geladeira e uma televisão, por exemplo”, explica o professor Dácio Brito.
O diretor-presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, afirma que a pesquisa demonstra a capacidade da universidade alagoana de produzir ciência e tecnologia que são aplicáveis a soluções, nesse caso, à agricultura do estado e às dificuldades de se contar com sistemas de irrigação de baixo custo, inteligentes e ambientalmente apropriados.
“Pesquisadores da Ufal e Uneal desenvolveram esse sistema de irrigação que tem alto poder de contribuir com a necessidade de usarmos os recursos hídricos do Canal do Sertão de forma mais racional e semear culturas mais adequadas às condições de solo e clima, ao longo dos seus 250 km”, observa o gestor.
Cooperação institucional.
O projeto intitulado “Sistema de irrigação automático e autossustentável para a região do semiárido alagoano que margeia o Canal do Sertão” trata-se de uma colaboração de pesquisa entre a Uneal, o Instituto de Computação da Universidade Federal de Alagoas e o Instituto Federal de Alagoas.
Os polos agroalimentares de Arapiraca e Batalha, bem como o Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços de Jaraguá, são uma iniciativa do Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, com o apoio da Fapeal.
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