A pintura no corpo e a dança ritmada do Toré indicam que os indígenas da Aldeia Coité, da tribo Xucuru-Kariri de Palmeira dos Índios, estão preparados para comemorar o dia 19 de Abril, como fazem tradicionalmente todos os anos. Na Aldeia, os pequenos são orientados a manter a tradição, a crença, os rituais religiosos e a cultura que os mais velhos afirmam terem se perdido com o tempo.
Os adultos sobrevivem da agricultura e do artesanato que eles mesmos produzem e todas as crianças e adolescentes estudam na escola local. No município, 3.500 índios vivem aldeados, além dos que moram na cidade, e fazem parte das 11 etnias existentes em Alagoas.
Mesmo com toda a alegria e a gentileza estampadas no rosto e olhar de cada um, os descendentes dos primeiros habitantes do Brasil ainda lamentam porque a data não representa, de fato, uma grande comemoração. “Nós nos divertimos pelo dia e choramos à noite pelo massacre do nosso povo, durante estes 523 anos. E isso não está relacionado só à violência, mas também tem a parte política, que precisa destinar um olhar diferente para nós, em todo o mundo. Em Brasília existem vários projetos querendo acabar com os índios. Não temos voto no Congresso, mas temos voz para reivindicar os nossos direitos”, disse o Cacique Selmo Xucuru-Kariri.
Apesar da mágoa, o Cacique revelou que, nos últimos seis anos, os indígenas do município ganharam novo ânimo, têm recebido uma atenção especial e que isso alegra o povo. “Este é o primeiro governo de Palmeira que permite que a gente entre na prefeitura. Somos tratados bem e como humanos. O prefeito Júlio Cezar sempre atende às nossas reivindicações, como o calçamento da Serra do Candará, uma ambulância 24horas dentro da Aldeia, iluminação, peixes, cota de exames de baixa, média e alta complexidades, entre outras ações. Nos sentimos muito bem com isso”, afirmou o Cacique.
Também foi no governo Júlio Cezar que muitos indígenas retiraram, pela primeira vez, o Registro de Identidade (RG). “Eles foram até a sede do Já! de Palmeira, orientados por nossas equipes, e tiraram o documento. Alguns já idosos, com 80 anos. E isso é uma coisa simples, básica, que todos nós temos direito mas que, às vezes, é negado. Também foi no nosso governo que nomeamos o primeiro secretário indígena, o Cássio Júnio, da Secretaria de Cultura”, destacou o prefeito.
E continuou. “É uma honra contribuir para que os nossos indígenas, os nossos ancestrais, se sintam bem com a nossa gestão. Porque um político deve governar para todas as pessoas mas, principalmente, para os que mais precisam e as minorias. Porque esta é a nossa missão. Desejo que todos os indígenas possam celebrar os seus direitos com dignidade. Pois todo dia é dia de índio sim”, disse o prefeito Júlio Cezar.
Um pouco da história dos Xucuru-Kariri de Palmeira dos Índios
O Dia do Índio, celebrado no Brasil em 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1943. Em julho do ano passado, o Congresso Nacional votou pela aprovação da mudança do título para Dia dos Povos Indígenas, com o objetivo de deixar mais evidente a diversidade das culturas dos povos originários.
De acordo com a antropóloga Siglia Zambrott Dória, a referência mais antiga aos índios Xucurus de Palmeira dos Índios encontra-se em documento, de posse do Arquivo Paroquial da Diocese de Palmeira dos Índios. Intitulado “História da Palmeira”, foi escrito pelo vigário José de Maia Mello, pároco local entre 1847 e 1899, provavelmente em 1879, por volta do século XVIII.
De lá para cá, os índios que habitam as terras palmeirenses passaram por muitos conflitos, preconceitos e ainda lutam para conquistar espaços, direitos e recohecimento em várias áreas
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