22/04/2022 15:05:00
Cultura
Morre Nelson da Rabeca, aos 81 anos
De cortador de cana a fabricante de instrumentos: quem era Nelson da Rabeca e porquê sua arte atravessou fronteiras
Wellington Alves/Secom Marechal

Morreu na madrugada desta sexta-feira (22) o ícone da cultura de Alagoas, Nelson da Rabeca, aos 81 anos. A informação foi confirmada pela filha do artista.

Nelson foi internado na quinta-feira (21) no Hospital Geral do Estado (HGE) após sentir dores no estômago e apresentar um coágulo no pé. Após atendimento inicial, seu quadro apresentou uma piora e o músico precisou se intubado.

De acordo com a filha de Nelson da Rabeca, Eliane Duarte dos Santos Silva, seu estado de saúde se agravou por volta das 4h e a morte foi confirmada pelo hospital às 5h.

O velório do músico deve acontecer na casa onde morava com a família, no bairro da Poeira, em Marechal Deodoro. Ainda não há previsão para o sepultamento do músico.

A Prefeitura de Marechal Deodoro decretou luto oficial de três dias

Com fama internacional como músico e luthier (profissional especializado na fabricação de instrumentos de corda), o artesão Nelson da Rabeca nasceu Nelson dos Santos. E foi como agricultor que viveu a maior parte da sua vida, debaixo do sol e com o facão utilizado no corte da cana-de açúcar nas mãos.


Divertido, simples e de bom papo, Nelson da Rabeca sempre foi uma figura com a capacidade de encantar aqueles que se aproximavam dele. Em entrevista a um portal de notícias, o músico e amigo Wagner Campos, a quem o alagoano dizia ser um filho, lembrou sua trajetória.
Para Wagner, a arte e o modo de viver de Nelson da Rabeca eram tão verdadeiros que talvez sejam a única justificativa para compreender o carisma e magnetismo que ele causava em quem o via empunhar o arco e instrumento feitos na porta de casa.

“Não tinha isso de figurino. Era ele, com a roupa que ele usava sempre, seu chapeuzinho e a verdade de ser ele, de forma despretensiosa, sem querer impressionar ninguém, sem querer ser maior ou mais que nada. Certa vez ele veio com uma comitiva de Alagoas se apresentar aqui no Rio de Janeiro e a plateia do evento era de políticos e um pessoal de classe média, que riu ironizando quando ele falou das músicas que sairiam de sua rabeca, mas quando começou a tocar o local fez um silêncio que eu nunca havia presenciado e explodiu em palmas após a sua apresentação. Realmente não sei explicar a força que ele exercia nas pessoas e o seu carisma tão poderoso, mesmo sendo um homem tão simples”, recordou Wagner Campos.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:G1/TVGazeta AL

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