Uma mulher foi presa no Rio por exercício ilegal da medicina. A falsa médica foi denunciada à polícia por uma paciente, que descobriu a farsa depois de perder um bebê. Ela atuava em duas clínicas - uma na Barra da Tijuca, Zona Oeste da Capital, e a outra em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Gabriele de Souza Matos, que usava ilegalmente o registro de duas médicas, foi presa em flagrante nesta quarta-feira (5). Quem a denunciou foi a corretora de imóveis Mônica Mendonça Ferreira da Silva. Conforme mostrou o Bom Dia Rio, ela desconfiou de um diagnóstico da falsa médica e procurou a opinião de outro profissional. Foi o que a levou a descobrir a farsa. Mônica estava com uma gravidez tubária, que não foi detectada pela falsa médica.
“Eu estava tendo dores abdominais. A obstetra que eu estava fazendo o pré-natal me passou uma ultrassonografia com dopler. A partir daí fui consultada por ela. Mas aí 45 dias, quase 60 dias, eu fui consultada por ela, ela me passando medicações erradas, eu estava tendo gravidez rompida, com hemorragia abdominal. Fiquei um mês com essa hemorragia e quando fiz exame em outro lugar, buscando outro diagnóstico, fui operada às pressas. Tive que fazer uma cesariana e perdi a trompa esquerda”, contou Mônica.
O bebê acabou morrendo. Aos 40 anos, as chances de Mônica engravidar de novo ficaram ainda menores. O marido dela desconfiou e resolveu checar o registro da falsa médica no site do Conselho Regional de Medicina.
“O pessoal da clínica, que também contratou, eles deveriam ter o dever e o cuidado. Se eu, uma pessoa simples, consegui descobrir em cinco minutos que a doutora Estela não era a doutora Estela, acho que eles deveriam ter um mecanismo pra que eles pudessem detectar de imediato”, disse o capitão da PM Paulo Roberto Cunha, marido da vítima.
Depois de descobrir a farsa, o casal chamou a polícia. A falsa médica foi presa na clínica na Barra da Tijuca. Para ela não fugir, a vítima marcou uma nova consulta e, na hora do atendimento, os policiais apareceram.
Gabriele de Souza Matos usava dois registros diferentes. Um não existia e o outro é de uma médica que ainda exerce a profissão.
“Por enquanto, nada aponta uma participação dos proprietários, sócios das clinicas. Mas, isso vai ser investigado. Causa espanto uma médica, suposta médica, trabalhando como se fosse, trabalhando em duas clinicas”, disse o delegado Leonardo Salgado, da 16ª DP (Barra).
O casal que denunciou a fraude disse que vai processar a clínica e a falsa médica.
“A única coisa que a gente quer, realmente, é que a sociedade não seja mais vítima dessa falsa médica, dessa clínica”, afirmou Paulo.
“É muito importante que as pessoas fiquem atentas. Você vai a um médico, você pega o CRM e vê no Cremerj se ele é médico mesmo, se ele está habilitado para te atender. É uma coisa tão simples que a gente não faz. Eu vou tentar engravidar com 50% de chance que eu tenho. Agora, me foi tirado isso, né, os 100% de chance de engravidar. Eu fico indignada. Espero que ela fique presa muito tempo. Espero que outra pessoa não seja lesada como eu fui. Poderia não ter sido nada, mas foi uma coisa grave. Eu poderia ter morrido”, destacou Mônica.
O Centro Especializado de Imagem e Diagnóstico, que fica na Barra da Tijuca, onde a falsa médica trabalhava, foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou a respeito do caso. A reportagem não conseguiu contato com a clínica de São João de Meriti onde a falsa médica também atuava.
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