O Conversa com Bial desta terça-feira, 9, recebeu Andor Stern, único brasileiro sobrevivente do Holocausto. Aos 90 anos, ele deu seu depoimento sobre o genocídio que matou seis milhões de judeus e outras minorias durante a Segunda Guerra Mundial.
Filho de húngaros, o veterano lembrou os horrores que viveu em diversos campos de concentração, incluindo Auschwitz:
“Sou casado há 65 anos. Minha mulher diz que eu não consegui sair de lá, que eu ainda vivo lá. Não sei se é verdade, mas não dá para esquecer”.
“A única coisa que sinto é que, na minha vida de 90 anos, aconteceram coisas que dá para viver 200 anos”.
Lembranças do campo de extermínio
No programa, Andor Stern lembrou os dias difíceis no campo de concentração:
“Garoto bom, forte, fui escolhido para trabalhar em uma fábrica de gasolina artificial e material explosivo. Fiquei alguns dias”.
“O ser humano tem uma resistência incrível (…). Eu pesava 28 kg. Como conseguia levantar nas costas um saco de cimento?”.
“Eu jantava virtualmente. Deitava no chão e imaginava armários de pães, frios, geleias, bolos e montava meu sanduíche. Fazia isso todos os dias”.
O dia da liberdade
Andor foi encontrado por soldados americanos em um vagão em maio de 1945. Na época, ele estava prestes a fazer 17 anos:
“Fomos largados dentro de um vagão no dia 24 de abril de 1945. Os americanos chegaram no dia 1º de maio. Nesse período, não comemos, nem bebemos nada. Nem uma gota de chuva”.
“Os soldados nos deram comida, mas eu não tinha mais força para comer”.
“Levou alguns dias para me dar conta de que estava livre”.
O veterano se emocionou ao contar sua rotina e falar da liberdade que tem para viver:
“Eu levanto de manhã, de uma cama limpinha, com o banheiro me esperando com sabonete, toalha felpuda, gaveta cheia de camisa”.
“Pego o meu carro porque eu trabalho ainda. Vou pelo caminho que eu quero. Meu amigo, eu sou livre”.
A participação de Gabriel Davi Pierin
Gabriel Davi Pierin, professor e historiador, foi o outro convidado do Conversa com Bial, contou que conheceu Andor em uma palestra e acrescentou:
“Toda história de sobrevivente de guerra é uma história impactante. A gente estabeleceu uma amizade”.
Pierin ainda falou o porquê da importância de o sobrevivente do Holocausto fazer de novo todo o percurso da época. Eles foram juntos até Auschwitz.
“Sentia a necessidade de resgatar um pouco mais da memória dele, e eu, que evidentemente não vivi esse horror, sentir um pouco também”, explicou ele.
Fonte: Gshow
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