O aumento do preço da gasolina anunciado pela Petrobras deve ter um impacto de até 0,13 ponto percentual na inflação deste ano, mas não muda o cenário para a política monetária diante da expectativa de arrefecimento do IPCA.
Com isso, a possibilidade de a inflação terminar o ano no teto da meta --de 4,5% com margem de 2 pontos percentuais-- diminui, com as projeções subindo para mais perto de 7%.
"Psicologicamente era importante ficar abaixo do teto depois de ter estourado no ano anterior, o Banco Central não precisaria fazer a carta (explicando os motivos)", destacou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, que passou a ver o IPCA neste ano em 6,7%.
Ainda assim ele manteve a perspectiva de corte de 0,5 ponto percentual na Selic, atualmente em 13,75%, na próxima reunião do BC, indo a 10 ou 10,5% no final de 2017.
A Petrobras anunciou na segunda-feira (5) o aumento do preço da gasolina em 8,1% e do diesel em 9,5%, em média, nas refinarias, a partir desta terça-feira (6).
Segundo a estatal, se o ajuste for integralmente repassado ao consumidor, a gasolina pode subir 3,4%, ou R$ 0,12 por litro, enquanto o diesel teria alta de 5,5%, ou cerca de R$ 0,17 por litro.
Isso, entretanto, não altera a perspectiva de afrouxamento monetário uma vez que o cenário de desinflação dos preços de forma geral se mantém.
"Por mais que esse aumento da gasolina limite a desaceleração do IPCA, não altera o quadro de que a inflação deve continuar em trajetória de arrefecimento", disse o analista da Tendências Consultoria Marcio Milan.
Assim, a perspectiva da consultoria permanece sendo de corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros em janeiro, fechando o ano a 10,75%.
Milan destacou, entretanto, que a nova política da Petrobras de reavaliar os preços dos combustíveis de forma regular dificulta traçar um cenário de mais longo prazo para a gasolina.
"A regra agora vai ser analisar mês a mês o avanço do petróleo no mercado internacional, e como o câmbio vai se portar", explicou ele.
A ata da última reunião do BC mostrou que a autoridade monetária discutiu aumentar o ritmo de cortes da Selic, com alguns dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) defendendo que a evolução favorável da inflação, a aprovação inicial de medidas fiscais e o ritmo fraco da economia justificariam o movimento.
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