07/10/2016 08:45:56
Economia
Brasileiros pretendem gastar menos com presentes para o Dia da Criança
Fernando Frazão/Agência BrasilA preferência dos consumidores para os presentes no Dia da Criança é liderada por brinquedos
Agência Brasil

Os brasileiros pretendem gastar menos com as compras de presentes para o Dia da Criança, segundo a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). A pesquisa foi feita no período de 1º a 22 de setembro com 2.101 domicílios em sete capitais brasileiras.

 

O indicador que mede a intenção de gastos para a data atingiu 59,3 pontos este ano, menor valor da série histórica, mantendo a tendência declinante iniciada em 2014, quando atingiu 85,6 pontos. Em 2015, o indicador de ímpeto de compras ficou em 63 pontos. “Houve estabilidade em 2012 e 2013 e a partir daí, o indicador começou a cair”, disse a economista Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor. A proporção dos consumidores que tencionam reduzir os gastos no Dia da Criança aumentou de 41,1% para 44,9%.

 

Segundo a economista, isso é um reflexo da cautela de todo o período de recessão que o país atravessa. “Há uma melhora nas expectativas dos consumidores para os próximos seis meses, mas ainda a intenção de compra se mostra cautelosa. Apesar de os consumidores estarem com perspectivas mais favoráveis para o futuro, eles ainda estão cautelosos, preferem não arriscar no momento em relação às compras que não são uma necessidade básica, digamos assim”.

 

Viviane disse que a continuidade da tendência de queda da intenção de compras vai depender de alguns fatores. A cautela das famílias, no momento, é reflexo de um orçamento mais comprometido com prestações anteriores e também pela alta taxa de juros, que influencia no valor dos gastos, com amortização de empréstimos, com financiamentos, e com uma inflação que agora começou a ceder na parte de alimentos, mas vinha se mantendo elevada, e um mercado de trabalho que ainda não voltou a se recuperar. Ela disse que se houver alguma mudança nesses fatores, que são os principais influenciadores da cautela das famílias, há possibilidade de melhoria da intenção de compra, mas não em uma velocidade significativa. “Pode ser, provavelmente, gradual”.

 

Valor médio

 

O valor médio dos presentes para o Dia da Criança, apurado pelo Ibre, ficou em R$ 79,63, mostrando queda real, isto é, descontada a inflação, de 6,3% em relação ao valor médio de 2015 (R$ 85). A faixa de renda que mais contribuiu para a redução do preço médio de presentes no Dia das Crianças, este ano, foi a dos que recebem até R$ 2.100 por mês, cujo valor caiu 12,2% em comparação ao ano anterior, passando de R$ 54,17 para R$ 47,58. Na faixa de renda de R$ 4.800 a R$ 9.600 mensais, a queda média atingiu 2,7% (de R$ 83,22 para R$ 80,95). Na faixa de renda acima de R$ 9.600, o preço médio dos presentes foi o mais alto (R$ 122,54 este ano), apesar de indicar também queda ante o preço médio apurado em 2015 (R$ 130,80).

 

A preferência dos consumidores para os presentes no Dia da Criança é liderada por brinquedos, com 55,4% das intenções por este tipo de presente, embora mostre redução em relação ao ano passado, quando alcançou 58,2%. Segue-se vestuário, com 24,5%, sinalizando estabilidade frente a 2015 (24,4%). O mesmo ocorreu em relação a livros (5,3% em 2016 contra 5,6%, em 2015), a dinheiro (2,8% contra 2,9%) e a eletrônicos (1,6%, este ano, ante 1,5%, no ano passado). “Brinquedo, realmente, é o presente mais citado”, disse Viviane Seda Bittencourt.

 

Da mesma forma que no preço dos presentes, a sondagem observou que a queda na intenção de compras de bens duráveis foi mais forte na faixa um (até R$ 2.100). O indicador era 57,4 pontos, em 2015, e caiu para 43,6 pontos, este ano, “o menor dentre as faixas de renda”, disse Viviane. Na faixa de renda mais alta, acima de R$ 9.600/mês, ao contrário, foi registrado aumento da intenção de compras, que subiu de 68,9 pontos, no ano passado, para 73 pontos, em 2016. “Foi a única renda que não houve diminuição da intenção de compra”.

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