A crescente tensão entre os Estados Unidos e outras potências mundiais ganhou um novo capítulo no comércio internacional. Além da China, importantes parceiros comerciais dos EUA também declararam “guerra” contra as medidas protecionistas de Donald Trump, desenhando um cenário ainda mais desafiador.
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China diz que reagirá após nova ameaça dos EUA sobre US$ 200 bilhões
Nesta nova etapa da tensão comercial, as ameaças entre China e EUA se intensificaram com novas tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, enquanto União Europeia e o Nafta (formado pelos vizinhos Canadá e México) elevaram o tom contra as medidas de Trump. O cenário divide a disputa em duas grandes frentes mundiais.
“Quando se fala em guerra comercial, todo mundo pensa em EUA e China, mas é bem mais complexo”, explica o pesquisador de economia aplicada da FGV/Ibre, Lívio Ribeiro.
De um lado, China e EUA estão envolvidos em uma ampla disputa sobre propriedade intelectual que acabou por atingir produtos comercializados entre os dois países. De outro, as sobretaxas sobre o aço e o alumínio, impostas para "proteger a indústria norte-americana", acertaram em cheio setores estratégicos de grandes economias, especialmente Japão, Europa e o Nafta.
Disputa 1: EUA x China
Há anos, os EUA reclamam que a China gera ao país um considerável déficit comercial (que é a diferença do volume exportado entre os dois países). Trump alega que o país asiático rouba propriedade intelectual, especialmente no setor de tecnologia, além de violar segredos comerciais das empresas americanas, gerando uma concorrência desleal com o resto do mundo.
Por isso, o combate aos produtos "made in China" é uma bandeira de campanha de Trump que recebeu o apoio de vários países.
As medidas dos EUA contra a China foram compostas por três ações:
Na avaliação do economista da FGV/Ibre, Lívio Ribeiro, a briga entre China e EUA é uma oposição entre diferentes modelos de desenvolvimento e uma clara tentativa de brecar a ascensão chinesa no comércio internacional.
“Essa disputa não é só comercial, é algo muito maior e mais complicado, na qual os EUA não estão sozinhos de um lado do ringue”, diz Ribeiro, do Ibre.
A meta do governo Trump era reduzir em pelo menos US$ 100 bilhões o rombo com a China. Só que há controvérsia até no cálculo do tamanho buraco: nas contas de Trump, é de US$ 500 bilhões; nas da China, é de US$ 275,8 bilhões; dados oficiais dos EUA, apontam ser de US$ 375 bilhões ao ano.
Em abril, os EUA anunciaram tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1,3 mil produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual. Em resposta à taxação, a China impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.
Desde então, os dois países trocaram ameaças mútuas e agravaram a tensão comercial. O governo chinês acusou os EUA de serem "caprichosos" e alertou que os interesses dos trabalhadores e produtores agrícolas norte-americanos seriam afetados.
No começo de julho, os EUA impuseram novas tarifas de 25% sobre US$ 34 bilhões em importações chinesas, somando 818 produtos. As taxas miram em produtos que, para Trump, são comercializados de forma injusta, como veículos de passageiros, transmissores de rádio, peças para aviões e discos rígidos para computadores.
Disputa 2: EUA x União Europeia e Nafta
As sobretaxas sobre a importação de aço e alumínio aos EUA inflamaram vários participantes do comércio internacional, mas a medida acertou em cheio setores de grande visibilidade como o automotivo, que desempenham um papel estratégico nas economias europeias e entre os próprios parceiros comerciais dos EUA, representados pelo Nafta (os vizinhos Canadá e México).
A tensão aumentou depois que Trump decidiu suspender a isenção da UE e do Nafta à cobrança das tarifas, há dois meses. “Já há alguns sinais de que principalmente a desaceleração do crescimento na zona do euro tem relação com esse ambiente mais agressivo do lado comercial”, aponta Ribeiro, do Ibre.
Em resposta, os europeus impuseram tarifas sobre o equivalente a € 2,8 bilhões de produtos importados dos Estados Unidos, como jeans, bourbon ou motocicletas.
A Comissão Europeia também anunciou impostos adicionais, em torno de 25%, a uma lista de produtos fabricados nos EUA submetida à Organização Mundial do Comércio (OMC), que inclui produtos agrícolas (como arroz, milho e tabaco), produtos siderúrgicos, veículos (motos, barcos) e têxteis.
tarifas de importação contra produtos chineses
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Fonte: G1
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