O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) divulgou uma nota de repúdio à homenagem ao ex-reeducando Cícero Alves Júnior, a ser feita pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), nesta terça-feira (30). A entidade lembra que o ex-detento cumpriu pena por ter participado do assalto que resultou na morte do policial civil Anderson Lima da Silva, que era chefe do grupamento Tático Integrado de Grupos de Resgates Especiais (Tigre), em 2009.
Para a diretoria do Sindpol, a homenagem externa a toda a sociedade um sentimento de desprezo e de desrespeito às instituições de Segurança Pública do Estado de Alagoas.
"Uma homenagem para uma pessoa que participou de assalto a banco, que resultou na morte de dois seres humanos -- o policial civil Anderson Lima e o segurança Alessandro Pereira da Silva -- é lamentável para as viúvas, filhos e familiares das duas vítimas verem a repercussão na mídia de uma homenagem a ser feita de uma pessoa que cometeu um crime contra a própria sociedade, pois o policial tem como função proteger os alagoanos e a sua morte representa um sentimento de fracasso por parte da segurança pública", diz a nota.
O Sindpol informa que está travando uma batalha com a Alagoas Previdência por ter reduzido em 40% a pensão da viúva do policial civil Anderson Lima.
O presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, vê a homenagem como algo absurdo que a categoria dos policiais civis é obrigada a vivenciar. "Uma pessoa, que ceifou a vida de um colega de profissão e deixou uma ferida aberta nos corações de todos os policiais civis, hoje será homenageada".
Nessa segunda-feira, o Tribunal de Justiça divulgou que Cícero Alves Júnior receberá, nesta terça-feira (30), às 17h, na Presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), o certificado de conclusão do curso de Administração, iniciado em 2015, enquanto ainda estava preso no Núcleo Ressocializador da Capital.
Preso em 2009, Cícero Alves tinha apenas o Ensino Médio completo, e decidiu fazer um curso de graduação à distância em 2015. Apesar das dificuldades, conseguiu iniciar os estudos, fazer mais de 80 cursos profissionalizantes, produzir artigos científicos e concluir o Ensino Superior.
Após quase 10 anos de reclusão, Cícero foi solto, e em vez de receber o diploma no sistema penitenciário, terá uma formatura no Tribunal. Atualmente, ele está fazendo pós-graduação.
VERSÃO DA OAB
Segundo a visão defendida pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas, Ricardo Moraes, o ponto de vista sobre a ressocialização é controverso, mas naturalizado na opinião popular.
"Esse é um pensamento que talvez pertença a maioria. As pessoas não acreditem em ressocialização dentro do sistema prisional, porque não há uma estrutura apta para se fazer isso. Para algumas pessoas, o quanto pior [a situação dentro dos presídios] melhor. A sociedade esquece que se as condições de direitos básicos forem cortadas, o preso poderá sair pior do que como entrou".
Fonte: GazetaWeb
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