A próxima administração norte-americana deve continuar apoiando o histórico Acordo de Paris sobre mudança climática para evitar que se repita o que aconteceu com o Protocolo de Kyoto, disse na quarta-feira (16) em Marrakech, no Marrocos, o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Liu Zhenmin. As informações são da Agência Xinhua.
"Esperamos que os Estados Unidos continuem desempenhando um papel líder no processo da mudança climática, pois as pessoas estão preocupadas com a repetição da experiência do Protocolo de Kyoto", disse Liu aos repórteres no marco da Conferência da ONU sobre mudança climática. Até agora, o Protocolo de Kyoto não foi implementado de maneira plena devido ao abandono do mesmo pelos EUA em 2001 e ao desamparo de outras nações desenvolvidas.
Liu fez a declaração em resposta a uma pergunta sobre as especulações de que os Estados Unidos poderiam abandonar o Acordo de Paris depois que o presidente eleito Donald Trump, que nega a mudança climática, substituir o presidente Barack Obama.
Durante sua campanha, Trump descreveu o tema da mudança climática como um "engano" e prometeu cancelar diferentes medidas tomadas por Obama, incluindo a ratificação americana do Acordo de Paris.
Liu disse que os EUA desempenharam um papel "extremamente importante" nas negociações do Acordo de Paris, que substituirá em 2020 o Protocolo de Kyoto para guiar a cooperação global no combate à mudança climática. Segundo ele, o Acordo de Paris levou em conta os interesses dos Estados Unidos e representa os esforços integrais, inclusivos e coletivos da comunidade internacional para abordar a mudança climática.
Liu destacou que, como maior economia do mundo, o apoio dos Estados Unidos ao Acordo de Paris será essencial. "Temos de esperar para ver qual posição irão assumir, mas esperamos que tomem uma decisão correta e inteligente que cumpra as expectativas do mundo", afirmou.
O apoio da China e seu compromisso com o Acordo de Paris não serão afetados pela posição adotada pela nova administração norte-americana, disse Liu, acrescentando que a China continuará cooperando com os Estados Unidos e as nações europeias na luta contra a mudança climática.
Apesar da incerteza causada pela vitória eleitoral de Trump, Liu é otimista sobre as perspectivas do processo de negociações sobre a mudança climática. "Este processo de mudança climática continuará depois da conferência de Marrakech. As partes estarão mais unidas para avançar nas negociações sobre a questão", disse.
Liu assinalou que a atual conferência da ONU sobre o clima, a primeira de seu tipo desde a entrada em vigor no início deste mês do Acordo de Paris, é particularmente importante em vista dos rumores sobre uma possível mudança na política dos Estados Unidos sobre a mudança climática.
De acordo com Liu, a conferência emitirá uma declaração de ação, o que será uma declaração política em que se demonstre o firme apoio de todas as partes ao Acordo de Paris e sua confiança.
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