A ONU disse nesta quarta-feira (19) que o cessar-fogo de 72 horas no Iêmen, a partir desta meia-noite (horário local), permitirá levarajuda humanitária em determinadas regiões que permaneceram isoladas nos últimos meses.
Avaliações conjuntas do Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que pelo menos 1,5 milhão de crianças estão em uma situação nutricional crítica.
"Esperamos que todas as partes respeitem plenamente a cessação das hostilidades, que ela se prolongue por mais 72 horas e que seja o início de um reatamento das negociações de paz", disse o coordenador humanitário da ONU para o Iêmen, Jamie McGoldrick.
Em entrevista coletiva desde a capital iemenita "Sana", McGoldrick afirmou que Taiz, no oeste, e Áden, a maior cidade portuária do sul do país, são dois locais aos quais as equipes esperam ter rápido acesso humanitário.
Apesar da trégua, há registros de combates em várias áreas. O conflito se intensificou há 16 meses, quando uma coalizão militar árabe liderada pela Arábia Saudita iniciou ataques contra os rebeldes houthis para recolocar no poder o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi.
Para o coordenador humanitário da ONU, a situação do Iêmen é tão catastrófica como a de outros conflitos, mas não recebe a atenção merecida da comunidade internacional nem da imprensa.
"Além do conflito, há outras razões para o sofrimento do povo iemenita: a economia formal entrou em colapso, o desemprego é alto, e o Banco Central não paga os salários dos mais de 1 milhão de funcionários públicos há três meses", afirmou.
Com a economia enfrentando uma situação crítica, McGoldrick explicou que poucos produtos essenciais estão sendo importados, gerando uma grande escassez de combustíveis e remédios.
"Essa situação aumenta a segurança alimentar. Os níveis de desnutrição detectados em algumas partes do país são astronômicos", revelou o representante da ONU no Iêmen.
McGoldrick afirmou que o surto de cólera que surgiu no país é um triste exemplo de como o conflito contribuiu para aumentar o sofrimento das pessoas, já que os combates destruíram infraestruturas de água e saneamento.
Por isso, a ONU trabalha de forma prioritária no Iêmen para fornecer alimentos, serviços de saúde e saneamento para cerca de 4 milhões de pessoas.
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