Em seu primeiro compromisso oficial público na Suécia, o papa Francisco afirmou que foram os "poderosos" quem causaram a divisão entre católicos e luteranos ao longo dos anos. Em discurso nesta segunda-feira (31), o Pontífice disse que é preciso "reconhecer" com "honestidade [...] que a nossa divisão nos afastava do desenho original de povo de Deus". "E ela foi historicamente perpetuada por homens de poder deste mundo, muito mais do que pela vontade do povo fiel", disse Francisco durante a oração ecumênica na catedral de Lund pelos 500 anos da Reforma Protestante. As informações são da Agência Ansa.
Na homilia, Jorge Mario Bergoglio reconheceu a vontade comum dos praticantes das duas religiões de "professar e defender a fé verdadeira". "Mas também estamos conscientes de que se ficarmos fechados em nós mesmos por medo, é prejudicar a fé que os outros professam com um sotaque e uma linguagem diferente", acrescentou.
Segundo Francisco, essa sua viagem para rezar juntos é uma "nova oportunidade de seguir por um percurso comum". "Não podemos renunciar e manter a divisão e a distância que a separação produziu entre nós", ressaltou.
O Papa elogiou a postura de Martinho Lutero na questão da fé e disse que "a experiência espiritual de Lutero nos desafia e nos lembra que não podemos fazer nada sem Deus", lembrando que o fundador da religião protestante sempre fazia a pergunta: "como posso ter um Deus misericordioso?" "Essa pergunta constantemente atormentava Lutero e é a questão do justo relacionamento com Deus que é a questão decisiva da vida", disse ainda. Sobre a Reforma, Papa Francisco também reconheceu com "gratidão" que a "Reforma contribuiu para dar maior centralidade às Sagradas Escrituras na vida da Igreja".
Essa é a primeira vez que um líder da Igreja Católica participa das celebrações de aniversário da Reforma Protestante. O Papa foi à Suécia a convite da Federação Luterana Mundial (LWF), com a qual dividirá as cerimônias ecumênicas durante todo o dia de hoje.
Sobre essa aproximação entre católicos e luteranos, iniciada há 50 anos, o sucessor de Bento XVI afirmou que ela deu "passos importantes" nas últimas décadas "por ouvir o pedido comum da Palavra de Deus".
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