O Papa Francisco celebrou uma missa nesta sexta-feira para 100 mil católicos em Dacca, a capital de Bangladesh, antes de um encontro com refugiados rohingyas que fugiram da onda de violência contra esta minoria muçulmana em Mianmar, segundo a France Presse.
Dezenas de milhares de pessoas formaram uma longa fila durante várias horas para entrar em no parque de Dacca onde aconteceria a cerimônia. O pontífice de 80 anos chegou ao local às 10h (no horário local).
As autoridades adotaram medidas de segurança para o evento, porque o país registrou vários ataques jihadistas contra minorias religiosas, incluindo os cristãos, nos últimos anos. Desde 2015, pelo menos três cristãos morreram em ataques atribuídos a extremistas muçulmanos.
Em seu primeiro dia em Dacca, a capital de Bangladesh, Francisco pediu "medidas eficazes" para ajudar os rohingyas.
Mais de 620.000 pessoas desta minoria muçulmana apátrida entraram em Bangladesh desde o fim de agosto. Eles tentam escapar da violência do exército de Mianmar, que a Organização das Nações Unidas (ONU) chamou de "limpeza étnica".
Os refugiados vivem na miséria, em acampamentos do tamanho de cidades, onde sua sobrevivência depende da distribuição de alimentos.
Francisco chegou na quinta-feira (30) a Bangladesh, procedente de Mianmar, onde evitou usar o termo rohingyas e pediu o respeito a "todos os grupos étnico" e para "superar todas as formas de incompreensão, de intolerância, de preconceito e de ódio".
Em Bangladesh, o pontífice também evitou a palavra rohingya e falou dos "refugiados que chegam em massa do estado de Rakhine", a região birmanesa em que vive a minoria.
Em seu discurso também elogiou o país pela recepção dos refugiados, destacando seu sacrifício e "espírito de generosidade e solidariedade" de seu povo.
A crise humanitária, uma das mais graves no século XXI, é o pano de fundo da visita do papa à Ásia.
Bangladesh, que tem uma população de 160 milhões de pessoas, é um dos países mais pobres do mundo e um dos mais expostos às mudanças climáticas.
Para a minúscula comunidade de 380 mil católicos bengaleses, a visita papal, a primeira desde a realizada por João Paulo II em 1986, é motivo de orgulho.
Mianmar
O Papa Francisco deixou Mianmar nesta quinta-feira (30) nesta que foi a primeira de um pontífice ao país. A viagem foi considerada delicada já que a nação,
majoritariamente budista, é acusada de "limpeza étnica". Na terça-feira (28), ele se encontrou com a líder birmanesa e vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, que já foi acusada de omissão pela sua atuação na crise dos rohingyas.
Na quarta-feira (29), ele celebrou uma missa campal, que reuniu 150 mil pessoas. Ele elogiu a atuação da comunidade católica no auxílio da minoria muçulmana e destacou que "muitos em Mianmar levam as feridas da violência, feridas visíveis e invisíveis". O pontíce convidou os fiéis a não serem curados "com raiva e vingança", porque "o caminho da vingança não é o caminho de Jesus".
A atual fuga dos rohingyas começou com uma série de operações de represália das Forças de Segurança de Mianmar lançadas após ataques, em 25 de agosto, do grupo rebelde Exército de Salvação Rohingya de Arakan a postos militares e policiais.
Fonte:G1
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