O presidente da Rússia, Vladimir Putin, cancelou a visita que faria a Paris no próximo dia 19, confirmou o Kremlin nessa terça-feira (11). O impasse ampliou ainda mais a crise política entre as duas nações por causa das posições antagônicas sobre a guerra na Síria. A informação é da Agência Ansa.
"O presidente tomou a decisão de cancelar a visita. O ponto é que alguns eventos ligados à abertura de um centro cultural russo e as exibições foram agendadas. Infelizmente, esses eventos saíram do programa e foi por isso que o presidente decidiu que uma viagem agora à França seria cancelada", informou o porta-voz do governo, Dmitry Peskov, à agência russa Tass.
Ainda de acordo com o representante do Kremlin, a visita de Putin ocorrerá no momento "adequado" à agenda de Hollande. "Assim que o tempo adequado surgir, o presidente vai considerar novamente a possibilidade de fazer uma visita", acrescentou.
Ao ser questionado sobre o fato de as atividades culturais terem sido retiradas do roteiro de visitas, Peskov disse que era necessário perguntar aos franceses sobre isso. Por sua vez, Hollande destacou que está pronto para receber Putin "a qualquer momento", para que ambos consigam "fazer progredir a paz" na Síria.
Apesar de negar que haja uma crise, esse é o segundo incidente em menos de duas semanas entre os dois governos. Na semana passada, a Rússia vetou um resolução apresentada pelo governo francês no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o fim dos bombardeios sobre a cidade síria de Aleppo. A decisão acabou "esfriando" as relações diplomáticas entre as duas nações.
Na época, a diplomacia francesa na ONU acusou formalmente os russos de "prolongarem" o conflito na Síria por defenderem o presidente Bashar al-Assad, considerado um "ditador" pelos países ocidentais.
França e Rússia estão em lados opostos na guerra síria. Enquanto Paris apoia a coalizão norte-americana nos ataques aéreos contra os grupos terroristas Estado Islâmico e Frente al-Nusra, Moscou apoia Assad e ataca - além de grupos terroristas - organizações contrárias ao governo sírio, os chamados "rebeldes".
Essa postura faz com que uma solução política para o país, após cinco anos de uma guerra sangrenta, fique cada vez mais longe.
Para os ocidentais, a saída de Assad do poder é fundamental, enquanto os russos não aprovam a ideia de retirar o governante.
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