Em entrevista coletiva realizada na noite da sexta-feira (30), o delegado Evaristo Pontes Magalhães, da DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense), disse que o policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, 29, e seu primo, Eduardo Moreira de Melo, 24, confessaram ter matado o embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis. O crime ocorreu na noite de segunda (26), em Nova Iguaçu.
Em seu depoimento, Eduardo afirmou que a mulher do embaixador, Françoise Amiridis, 40, não participou da execução, mas teria encomendado o crime por R$ 80 mil, "se tudo desse certo". O valor seria pago 30 dias depois.
A Justiça do Rio, segundo o delegado, decretou na noite de hoje a prisão temporária da mulher do embaixador, do policial militar e de seu primo, que ajudou o PM a se livrar do corpo, enrolando-o em um tapete.
A reportagem tentou confirmar a informação com o Tribunal de Justiça, mas não conseguiu contato.
"Os três planejaram previamente a morte do embaixador. O Eduardo esclareceu os detalhes", afirmou o delegado.
"Ele [Eduardo] foi contatado pelos dois e seria a peça-chave da vigilância [do imóvel onde o crime aconteceu, uma casa que pertencia ao Casal]. O Sérgio iria matar o embaixador, e a viúva ficaria fora, com a filha", explicou Magalhães.
Em depoimento, Françoise disse que estava em um shopping com a filha, na noite do crime, e que retornou por volta de 1h [de terça], após o jantar.
O casal e uma filha de dez anos têm residência fixa em Brasília, mas a família tem uma casa de apoio em Nova Iguaçu. O imóvel está situado próximo ao local onde moram parentes de Françoise. Quando estão na cidade, é ali que eles se hospedam.
Amiridis está no cargo desde janeiro e foi cônsul-geral da Grécia no Rio de Janeiro de 2001 a 2004. Ele conheceu Françoise em 2002, e o casal estava junto havia 15 anos. O matrimônio, no entanto, não estava registrado oficialmente, informou o delegado.
Como o crime aconteceu
A polícia ainda não pode afirmar como o embaixador grego foi morto, mas, na versão do PM, houve um embate entre ele e a vítima. Para se defender, Sérgio disse que chegou a asfixiar o diplomata, mas o delegado diz que a polícia não acredita nessa versão, já que foram identificados indícios de sangue no sofá da casa.
"Ainda não dá para afirmar tecnicamente como ele morreu porque o corpo estava carbonizado, outras análises serão feitas", segundo Magalhães.
O delegado confirma que o crime foi passional. O PM e a embaixatriz afirmaram que mantinham uma relação amorosa, desconhecida pelo diplomata. Os dois se conheciam há seis meses e confirmaram o caso em depoimentos na DHBF, segundo Magalhães.
A hipótese para o motivo do crime, na avaliação do delegado, era "ficar com os bens [do marido] e curtir a vida com o policial".
Até as 21h, os três acusados continuavam presos na sede da DHBF, em Belford Roxo, a cerca de 40 km da capital fluminense.
Sumiço e carro queimado
O embaixador, a mulher e a filha moravam em Brasília e estavam no Rio para as festas de fim de ano. Segundo a versão inicial de Françoise, ele teria sido visto pela última vez na noite de segunda-feira (26), saindo da casa de Nova Iguaçu.
Seu desaparecimento foi comunicado pela mulher à polícia 48 horas depois. Causou estranheza ao delegado o fato de ela estar acompanhada do PM --que foi descrito como um segurança da casa-- e de um advogado.
Nesta quinta-feira, um carro com as mesmas características e placas de um veículo que tinha sido alugado pelo embaixador foi localizado queimado embaixo do viaduto do Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu. Dentro do veículo foi encontrado um corpo carbonizado.
Investigadores ouvidos pelo UOL disseram que estão convictos de que o corpo é do diplomata, mas o IML (Instituto Médico Legal) ainda vai realizar exames conclusivos sobre a identificação do cadáver carbonizado. O delegado não demonstrou dúvidas de que a vítima é o embaixador.
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