A mulher presa por suspeita de envenenar um ovo de Páscoa e enviar para uma família de Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, disse que era mulher trans e apresentou crachá falso para conseguir fazer o cadastro no hotel onde ficou hospedada na cidade. A Polícia Civil do Maranhão (PCMA) investiga o caso.
A suspeita, Jordélia Pereira, 35 anos, usou um crachá em que havia uma foto dela de peruca preta, o nome falso de Gabrielle Barcelli e a inscrição ''Gastrônomia'' - com erro de acentuação - , indicando uma suposta profissão.
Três familiares comeram o ovo de Páscoa suspeito de estar envenenado. Um menino de 7 anos morreu, na quinta-feira (17) e foi enterrado nesta sexta-feira (18). A mãe dele e a irmã dele estão internadas em estado grave. Jordélia é ex-companheira do atual namorado de Mirian Lira, uma das vítimas.
Conversa com atendente
Em uma conversa em aplicativo de mensagem, ela disse para a atendente que estava em processo de mudança de nome e, por isso, não poderia apresentar um documento de identidade. A recepção do hotel aceitou a condição e assim, ela conseguiu fazer a reserva.
"Deixa eu lhe falar é porque sou trans e a minha documentação está em processo, mas estarei com o crachá da empresa. Posso colocar o nome depois que eu mudei? Onde chego eu uso dele", disse Jordélia em uma das mensagens enviadas ao hotel.
Os indícios contra Jordélia:
DEPOIMENTO DO NAMORADO: O depoimento do namorado de Mirian, uma das vítimas, foi um dos que ajudou a polícia a chegar a uma ex-companheira dele que poderia ter envolvimento com o caso.
HOSPEDAGEM EM HOTEL: Jordélia morava em Santa Inês (MA) e ficou hospedada em Imperatriz (MA) em 16 de abril, noite do crime. Imagens de câmeras de segurança mostraram ela deitada em um dos sofás da recepção do hotel.
COMPRA DE CHOCOLATE: A Polícia Civil descobriu que, no mesmo dia que estava no hotel, Jordélia foi até uma loja de chocolates de Imperatriz e fez uma compra.
Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela disfarçada, usando óculos e uma peruca preta, comprando o produto.
DEPOIMENTO DE FAMILIARES: A irmã de Mirian contou que, após receber o chocolate, a vítima recebeu a ligação de uma mulher questionando se o ovo de Páscoa havia chegado a sua casa. Mirian chegou a perguntar quem falava ao telefone, a mulher não disse o nome mas falou que 'ela saberia' quem ela era.
PERUCA, BILHETES, BOLSA: Foram encontradas com ela duas perucas, restos de chocolate armazenados em bolsas térmicas e bilhetes de ônibus. As provas serão usadas no inquérito que investiga o caso.
RECHEIOS - foram encontrados recheios guardados numa bolsa térmica, que ela mesmo preparou na cidade de Santa Inês e os levou prontos para cidade de Imperatriz, conforme declarou em interrogatório.
A Justiça do Maranhão decretou nesta sexta-feira (18) a prisão preventiva de Jordélia, que irá para um presídio em São Luís. Em depoimento, ela confessou ter comprado o chocolate mas nega ter colocado veneno.
A polícia realiza perícias para saber se havia veneno no chocolate e determinar qual a causa da morte da criança.
Suspeita de envenenar ovo de Páscoa se disfarçou para comprar chocolate em loja
As amostras dos ovos de Páscoa foram coletadas e encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística. O laudo deve ficar pronto em 10 dias. Além disso, já foi solicitada à perícia a coleta de sangue das vítimas para identificar se há algum tipo de veneno, bem como foi pedida a análise dos produtos encontrados com a suspeita.
A entrega do ovo de Páscoa com bilhete
A família recebeu o ovo na noite desta quarta-feira (16), por meio de um motoboy, como se fosse um presente. Com o ovo havia um bilhete com a mensagem: "Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa". As três pessoas de uma mesma família comeram o doce.
Após ter recebido o doce, Mirian Lira recebeu a ligação de uma mulher, não identificada, que questionou se ela havia recebido o ovo de Páscoa. A vítima atendeu a ligação, chegou a perguntar quem falava ao telefone, mas a mulher não respondeu.
Luís Fernando, de 7 anos, filho de Mirian, foi o primeiro a começar a passar mal. O pai da criança e ex-marido de Miriam, foi chamado e a família levou a criança para o Hospital Municipal de Imperatriz (HMI). A criança chegou a ser entubada, mas não resistiu e morreu horas após ter sido internada.
Já Mirian só começou a apresentar sintomas de envenenamento quando estava no hospital, logo após o filho ter sido entubado. As mãos da vítima começaram a ficar roxas e ela começou a sentir dificuldade de respirar. Ela foi internada na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz.
Logo após Mirian começar a passar mal, a filha dela, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, também deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. A menina também havia comido o ovo de Páscoa.
Fonte: G1
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