Principal aliado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o também peemedebista Carlos Marun (MS) disse hoje (13) que ficou surpreso com o placar tão desfavorável para Cunha. O mandato do ex-presidente da Câmara foi cassado no fim da noite de ontem (12) por 450 votos a favor, dez contra e nove abstenções. Com o resultado, Cunha fica inelegível por oito anos.
Perguntado sobre as ausências de deputados do Centrão e do PMDB, partido de Cunha, na sessão de julgamento, Marun disse que o resultado, com apenas dez votos favoráveis ao peemedebista, não era esperado. “Era esperada a cassação. Até por um placar elástico. Mas o resultado efetivamente foi surpreendente. É o que eu digo: se formou uma onda e essa onda estourou em cima da cabeça do deputado Eduardo Cunha. Jamais diria que haveria qualquer previsão ao número que resultou exposto no placar ao final da votação”, afirmou.
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), que ontem previa a cassação por pelo menos 350 votos, também se disse surpreso com a derrota tão expressiva de Cunha. “Foi um placar bastante dilatado. Mostra o instinto de sobrevivência dos políticos, mesmo os fisiológicos, clientelistas, corruptos, porque temos eleições [municipais, em outubro] e a carreira política pela frente. Ninguém esperava que ele tivesse apenas dez parlamentares para votar com ele”, afirmou.
Relator do processo contra Cunha quando o caso começou a tramitar no Conselho de Ética há mais de 11 meses, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) também avaliou que o resultado surpreendeu. “O fato de ele ter esticado o processo, feito dele o processo mais longo da Casa, acabou permitindo que os parlamentares tomassem conhecimento, a cada dia que passava, de fatos novos. Isso fez com que, ao final, o placar fosse tão alto [pela cassação]. O placar foi realmente muito elástico, nos surpreendeu de certa forma porque ele anunciava ter um grupo de aliados muito grande que na hora da votação não apareceu. Foi uma surpresa sobretudo para ele”, disse Rogério.
Os deputados aprovaram o parecer do Conselho de Ética da Casa que pediu a cassação do mandato de Cunha por ele ter mentido durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras sobre ter contas secretas na Suíça, que teriam recebido dinheiro do esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobras e investigado na Operação Lava Jato.
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