O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o impeachment de Dilma Rousseff demonstrou que o Brasil ainda precisa aperfeiçoar seu processo democrático e não descartou conversar com o governo do presidente Michel Temer para assuntos de "interesse da sociedade".
Ao sair do Supremo Tribunal Federal (STF), onde participou da posse da ministra Cárrmen Lúcia, Lula disse que o movimento contrário ao governo de Temer tende a "perdurar", porque "uma parcela da sociedade continua indignada".
"O Brasil aprendeu que ainda falta muito para consolidar seu processo democrático. O impeachment consagrado apenas por conta de uma maioria política eventual, sem levar em conta a inexistência de crime de responsabilidade, é grave. Todos que votaram sabem que foi uma votação eminentemente poítica", afirmou.
Ao ser perguntado sobre um possível diálogo com o presidente Temer, Lula disse que, "se algum dia for necessário" conversar com "qualquer pessoa", ele o fará, mas afirmou não ser preciso "nesse momento". "Se tiver alguma coisa que seja de extremo interesse do conjunto da sociedade em votações, obviamente o partido vai pensar direito. Mas tentar resolver o problema da crise mexendo nos direitos dos trabalhadores é inaceitável", afirmou.
O ex-presidente, que esteve no evento ao lado do também ex-presidente José Sarney e do governador de Minas, Fernando Pimentel, disse que o PT precisa reaprender a fazer oposição. "Eu penso que é um alerta para a gente tentar aperfeiçoar o processo democrático. A democracia é uma construção constante".
Durante a posse, dois protestos se coincidiram e fizeram barulho em frente ao Supremo Tribunal Federal. Um dos atos já ocorria antes do evento, e reuniu algumas pessoas para pedir o fim da corrupção.
Faixas com palavras de ordem como "Fora corruptos" e "Lula ladrão, o povo brasileiro exige sua prisão" foram exibidas pelos manifestantes, que tocaram vuvuzelas durante boa parte do tempo.
Com megafones e vestidos de preto, os policiais civis do Distrito Federal chegaram à Praça dos Três Poderes para pressionarem o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, e o presidente Michel Temer, para cobrar o envio de projeto de lei ao Congresso Nacional que recompõe as perdas salariais da categoria.
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