O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, na primeira instância, determinou nesta segunda-feira (14) que a Polícia Federal (PF) retire conclusões sem base fática de um relatório no qual afirma que a família do pecuarista José Carlos Bumlai detinha influência política na administração pública, enquanto o PT estava no poder, e no Supremo Tribunal Federal (STF), na pessoa do ministro Dias Toffoli.
Segundo o juiz, o documento contém afirmação leviana e as análises policiais devem se resumir aos fatos constatados.“Portanto, intime-se a autoridade policial com urgência (por telefone) para, em três dias, refazer o referido relatório, retirando dele conclusões que não tenham base fática e esclarecendo o ocorrido”, diz trecho do despacho.
O relatório ganhou notoriedade com a reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo".
O texto afirma que o documento contém análise de material apreendido com o economista Maurício Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, preso durante a 21ª fase e condenado no âmbito da Lava Jato por gestão fraudulenta e corrupção passiva.
De acordo com a Polícia Federal, foi constatado que Mauricio Bumlai tinha arquivado o número de telefone de diversas autoridades públicas.
Ao jornal, o gabinete de Dias Toffoli afirmou que o ministro “nunca teve relação de amizade” com José Carlos Bumlai.
O relatório diz ainda que a menção a nomes e/ou fatos contidos no documento não significam envolvimento direto ou indireto em eventuais delitos investigados.
“Apesar da ressalva, o fato é que a conclusão anterior não tem base empírica e é temerária. O fato de algum investigado possuir, em sua agenda, números de telefone de autoridades públicas não significa que ele tem qualquer influência sobre essas autoridades”, considerou o juiz Sérgio Moro.
Polícia afirma que vai retirar
O documento é assinado pelo agente Antônio Chaves Garcia e direcionado ao delegado federal Filipe Pace, que se manifestou informando que vai retirar do relatório a menção ao ministro do STF.
“Será solicitado ao Núcleo de Análise do GT-Lava Jato a confecção de novo documento investigativo para o fim de que seja retirado o trecho manifestamente inserido por ocasião de erro material, haja vista que do corpo do relatório é faticamente e probatoriamente impossível se atribuir suposta influência de José Carlos Costa Marques Bumlai sobre Sua Excelência o Ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli”.
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