01/08/2016 12:15:23
Política
Sergio Moro solta Monica Moura, mulher de ex-marqueteiro do PT
Monica Moura foi presa durante a 23ª fase da Operação Lava Jato. MPF afirma que dívidas de campanha foram pagas com propina.
(Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, foram presos pela PF em fevereiro.

 Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, mandou soltar Monica Moura, mulher do ex-marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana. A decisão, desta segunda-feira (1º), foi confirmada pelo advogado de defesa, Fábio Tofic Simantob. Segundo o juiz, Monica Moura está proibida de atuar em campanhas eleitorais no Brasil.

O casal foi preso durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, em fevereiro deste ano. De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, foram encontrados indícios de que Santana recebeu US$ 3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013, e US$ 4,5 milhões do engenheiro Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014.
De acordo com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro é oriundo de propina retirada de contratos da Petrobras e da Sete Brasil - empresa criada para operação do pré-sal. Zwi é representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels e, segundo os procuradores, foi citado por delatores da operação do esquema como elo de pagamentos de propina.

Fábio Tofic Simantob também declarou que Moro teria tido como base para a soltura os depoimentos prestados pelo casal Monica Moura e João Santana e pelo engenheiro Zwi. Moro teria declarado ainda, segundo o advogado, que Monica não participou do esquema criminoso.
Conforme decisão de Moro, ficou estipulada fiança correspondente aos valores já bloqueados nas contas correntes - R$ 28,7 milhões. Monica também está proíbida de atuar direta ou indiretamente em qualquer campanha eleitoral no Brasil, até nova decisão. Além disso, deverá entregar o passaporte à Justiça e não pode manter contato com outros acusados da Operação Lava Jato.

O benefício deve ser extendido a João Santana, de acordo com Moro. "Pretendendo João Cerqueira de Santana Filho a extensão do benefício, deverá peticionar nos mesmos termos e condições, observando, como fiança, os valores bloqueados em suas contas correntes (cerca de R$ 2.756.426,95). Se apresentada petição nesse sentido, faça a Secretaria os autos conclusos para deliberação".

Caixa dois
O ex-marqueteiro do PT e a mulher confirmaram ao juiz federal Sérgio Moro que o pagamento de US$ 4,5 milhões feito pelo engenheiro Zwi Skornick foi de caixa dois da campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010.
"Foi caixa dois mesmo", garantiu Mônica em audiência na Justiça Federal em julho.

Foi a primeira vez que eles prestaram depoimento a Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.

Anteriormente, Moura, que é responsável pela parte financeira e administrativa do casal, afirmava que o dinheiro era pagamento por trabalhos realizados no exterior.

A denúncia
O dinheiro, conforme os procuradores, teve origem em contratos celebrados entre o estaleiro Keppel Fels e a Petrobras para a realização das plataformas P-51, P-52, P-56 e P-58.
Segundo a denúncia, houve pagamento de propina para Renato Duque e Pedro Barusco nesses contratos. Ambos têm condenação na Lava Jato.
Duque está preso no CMP, e Barusco cumpre pena regime aberto diferenciado - que estabelece recolhimento domiciliar durante a noite e nos fins de semana e feriados.
A Keppel Fels também tinha contratos com a Sete Brasil para construção de sondas que chegam a R$ 185 milhões.

Segundo as investigações, um terço da propina paga nesses contratos foi dividido entre o ex-presidente da Sete Brasil João Ferraz e os ex-gerentes da Petrobras Pedro Barusco e Eduardo Musa – todos são colaboradores da Lava Jato.
Os outros dois terços foram encaminhados ao então tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que solicitou que parte dos depósitos ficasse com João Santana e Monica Moura, segundo a denúncia.
Quando Zwi foi preso, a defesa dele afirmou que o engenheiro só falaria nos autos do processo e que considerava a prisão desnecessária.

 

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