É crescente o número de crianças que dão entrada na Unidade de Emergência do Agreste vítimas de acidentes com motocicletas. Os ferimentos variam de uma simples escoriação pelo corpo até casos mais graves como traumatismo craniano ou politraumatismos, que podem evoluir para óbito ou graves sequelas para o resto da vida.
De acordo com o artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), transportar em motocicleta criança menor de sete anos ou que não tenham condições de cuidar de sua própria segurança se configura como infração gravíssima, que pode render punição de sete pontos na carteira, multa, suspensão do direito de dirigir até o recolhimento do documento de habilitação.
Apesar da rigidez, a lei não vem sendo cumprida por muitos motociclistas do interior do Estado, em especial da região Agreste. Em Arapiraca, por exemplo, é comum ver uma, duas, e até três crianças sendo transportadas na condição de passageiros e, na maioria dos casos, não utilizam capacetes infantis.
Os casos mais comuns são de casais que saem cedo para trabalhar e aproveitam para levar, na mesma viagem, os filhos para a escola. As crianças geralmente vão espremidas entre os pais, o que provoca um sobrepeso no veículo e, consequentemente, maior dificuldade para o condutor manter o controle em casos de emergência.
Existem ainda as crianças que vão sozinhas na garupa. Algumas são tão pequenas que, sequer, conseguem alcançar o pedal de apoio do carona ou abraçar a cintura do condutor. Em casos de acidentes, a exemplo quedas ou colisões, as crianças geralmente ficam mais expostas pelo fato de não conseguirem se segurar ou se defenderem de manobras mais bruscas.
Segundo o ortopedista e traumatologista João Gustavo, da Unidade de Emergência do Agreste, as crianças que sofrem acidentes estão sujeitas a lesões nos membros superiores, inferiores e em regiões vitais como tórax e abdômen.
“Além dos prejuízos físicos sofridos pelo paciente, existem os prejuízos à saúde pública, devido ao tempo de hospitalização; o afastamento e prejuízo escolar e aos pais, que em muitas situações têm que se afastar do trabalho para dar assistência aos filhos hospitalizados ou acamados”, alertou.
Números
Os números de acidentes envolvendo crianças também são assustadores em nível nacional. De acordo com registros do DPVAT, nos últimos quatro anos foram feitas 1.582 indenizações por morte e invalidez permanente entre crianças de 0 a 10 anos que estavam sendo transportadas em motos. Outro dado alarmante é o fato de 58% dos casos terem ocorrido com crianças de até 7 anos, faixa etária proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro para o transporte em motos.
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