07/06/2023 00:23:20
SAÚDE E ESPIRITUALIDADE | Victor Oliveira
No dia mundial do meio ambiente, nós lutamos em defesa do ambiente inteiro!
Bruno KellyAmazônia Real

É preciso ouvir o grito da terra e atender suas demandas. Há tempos que a terra geme afetada pela degradação ambiental causada e intensificada pelo modo capitalista de produção e reprodução social. As consequências do ambiente em degradação são sentidas por todas as formas de vida, inclusive a própria terra: um grande organismo vivo. A terra não é um ser inanimado ou apenas um ambiente no qual se localizam as diversas formas de vida, ela é um grande organismo vivo que deve ser respeitado, reverenciado e passível de cuidados. Todos nós sentimos os impactos contra a terra. Não é possível que estejamos felizes em um planeta infeliz.


Já diria o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum (2015), “toda a pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas”. Inspirado na espiritualidade cristã e na catolicidade franciscana, o Papa reflete a partir da iminente devastação do ambiente submetido ao modo capitalista que destrata a natureza terrestre, extraindo violentamente os seus elementos para tratá-los como recursos de um modo devastador. Francisco usa de categorias religiosas, como o pecado, para analisar os problemas da sociedade sem restringi-los aos aspectos individuais, avançando até os fundamentos problemáticos do aspecto estrutural socializado. Ele compreende que o capitalismo com sua dinâmica exploratória imprime uma desordem planetária de tal maneira que ameaça todas as espécies que existem e o próprio mundo.


A Carta Encíclica não propõe um novo modo de ser e fazer dentro de um velho modo, não se trata de “vinho novo em odres velhos” assim como diriam os evangelistas Mateus (Cáp. 9, vers. 14-17), Marcos (Cáp. 2, vers. 18-22) e Lucas (Cáp. 5, vers. 33-39), mas de uma mudança profunda. Trata-se, sobretudo, de uma transformação radical. A proposta vai além da superficialidade de uma perspectiva política reformista ou religiosa assistencialista porque aprofunda a crítica que nos faz avançar até as contradições do sistema social atual a fim de impor a sua superação e a de todos os elementos que o torna hegemônico.


Assim, é possível anunciar uma transformação radical por meio de um sistema alternativo que emancipe o ser humano, as demais espécies e o mundo, libertando-os do cativeiro capitalista. Será através dessa libertação que insurgirá outro sistema: um sistema de cooperação, comensalidade, fraternidade, equanimidade, justiça, enfim, muito mais próximo e semelhante ao Reino de Deus que poderá ser antecipado para salvar o ambiente inteiro e tudo o que constitui sua natureza.

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