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As fortes chuvas que atingiram o Grande Recife deixaram mais de 50 mortos devido a deslizamentos de barreiras. Nos dias anteriores ao temporal, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) previu a chuva e divulgou alertas. Entretanto, para Leonardo Farah, especialista em gestão de risco e desastre, falta "vontade política" do poder público para evitar as mortes.
Segundo o especialista, é preciso, para além de emitir alertas para a população que mora em locais de risco, dar condições de habitação e de mitigação de risco para as pessoas que podem ser afetadas por deslizamentos e inundações.
"Não adianta a gente receber o alerta e não saber o que fazer. Recebi um alerta que tem fortes chuvas, mas para onde eu vou? Para onde eu vou levar minha família? É uma complexidade grande, mas é possível fazer. Principalmente com um planejamento de longo prazo, verificando os locais de risco, as pessoas que moram em áreas de vulnerabilidade", afirmou.
Para Leonardo Farah, é preciso fazer planejamento urbano de longo prazo, e isso é o principal entrave na mitigação de riscos pelo poder público.
"É importante fazer um mapeamento dos locais de risco e realocar as pessoas. Porque essas pessoas que estão morando num local de risco, se não tiverem um outro local para viver, elas não vão sair de lá. É ilusão a gente achar que nós vamos deixar essas pessoas por um, dois, três meses num abrigo. É extremamente complicado você viver com uma população enorme dentro de um abrigo", disse.
O especialista em gestão de risco e desastre também disse que os desastres são previsíveis, reincidentes e cada vez mais intensos. Isso ocorre principalmente por causa das mudanças climáticas. O Recife, por exemplo, é a capital brasileira mais ameaçada por esses fenômenos, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
"A gente colocar a culpa na chuva é algo muito pretensioso, porque isso todo ano se repete, todo ano é a mesma situação. O evento natural extremo está cada vez acontecendo com uma maior frequência, maior intensidade e num curto espaço de tempo, por conta de questões de mudanças climáticas", explicou.
Fonte: G1
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