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04/11/2016 18:45
Brasil
'Não vendia nada', diz dono de site acusado por golpes de R$ 250 milhões
Michel Pierri Cintra diz que sua prisão é ilegal e nega tentativa de fugir do país
Michel Pierre Cintra chega à Central de Flagrantes da Polícia Civil em Ribeirão Preto / Foto: Luciano Tolentino/EPTV
G1

Acusado de aplicar golpes pela internet que somam R$ 250 milhões, o empresário Michel Pierre Cintra chegou a Ribeirão Preto (SP) na madrugada desta sexta-feira (4), transferido de Cascavel (PR), onde permanecia preso há quatro dias.


Na entrada da Central de Flagrantes da Polícia Civil em Ribeirão, o dono do site de vendas Pank negou as acusações contra ele e a mulher, Viviane Boffi Emílio, presa desde setembro do ano passado. Cintra ainda negou que fugiria para o exterior, como afirmou a Promotoria.


"Primeiro, eu entendo que é uma prisão ilegal e, segundo, que eu era o único suporte para a minha esposa e meu filho. Cadê os R$ 250 milhões? Cadê as 100 mil vítimas, as 40 [mil], as 80 [mil]? Porque no processo existem 215", disse o empresário.


Cintra foi levado ao Centro de Detenção Provisória de Ribeirão na manhã desta sexta-feira e deve cumprir prisão preventiva - até o julgamento do caso.


O empresário também justificou que 90% do faturamento do Pank eram destinados a anunciantes e outros "compromissos da empresa", sem detalhar quais seriam eles.


"Eu não vendia nada. O Pank tinha mais de 500 anunciantes e, infelizmente, por alguma razão que eu desconheço, o Ministério Público não tem interesse em investigar os anunciantes. Eu sou inocente. O Pank era um site de intermediação de venda. Isso era muito explícito, muito explícito", afirmou.


Investigação e prisão


Após um ano e dois meses foragido, Cintra foi preso na segunda-feira (31), quando seguia em um ônibus de São Paulo, para Ubiratã (PR). Segundo investigação do Ministério Público (MP), o empresário pretendia fugir para Santiago, no Chile.


O promotor Aroldo Costa Filho afirmou que dono do site Pank vinha sendo vigiado há cerca de seis meses, quando o Ministério Público e a Polícia Civil descobriram que ele estava morando no Morumbi, bairro de luxo na capital paulista.


Imagens obtidas pelo MP mostram os últimos passos do empresário. Os vídeos gravados por câmeras de segurança mostram Cintra carregando uma bolsa e caminhando ao lado da mãe e do filho, na noite de sábado (29).


Na sequência, o empresário entra em um táxi parado em um posto de combustível. Ele segue até o terminal do Tietê e entra em um ônibus com destino a Foz do Iguaçu (PR). A viagem foi interrompida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na madrugada de segunda.


Em depoimento, os policiais que participaram da blitz contaram que Cintra estava sentado no último banco do ônibus, usava boné e óculos escuros. Ele apresentou documentos de um ex-funcionário, mas, ao ser levado para fora do coletivo, confirmou sua verdadeira identidade.


O advogado Antônio Roberto Sanches, que deferente o empresário, disse que não vai se manifestar sobre o caso porque não teve acesso às imagens e ao depoimento que Cintra prestou no Paraná.


Caso Pank


Cintra e a mulher são acusados de fraudes por meio do site de vendas Pank. Segundo o MP, eles não entregavam os produtos vendidos, ou entregavam itens similares aos originais, comprados no Paraguai. Na ação constam os nomes de 198 vítimas do esquema.


Viviane está presa desde setembro do ano passado. Outras quatro pessoas se tornaram réus no processo por participação na fraude que, segundo Costa Filho, pode ter feito cerca de 80 mil vítimas em todo o país, somente entre 2011 e 2013.


O processo tem cerca de 4 mil páginas. O MP aponta ainda que 15 empresas também foram prejudicadas pelo casal, acusado de contratar, mas não pagar agências de publicidade responsáveis por anúncios do Pank - prejuízo que chega a R$ 4,8 milhões.

 

Embora as defesas sustentem a tese de que a página apenas anunciava as mercadorias, não tendo responsabilidade sobre as vendas, um documento dos Correios aponta que o Pank despachou 24 mil itens para todo o país entre outubro de 2011 e agosto de 2013.


A acusação afirma que o casal elaborou até uma cartilha para ser usada pelos funcionários para “enrolar” os clientes insatisfeitos. O material com 17 páginas foi entregue ao MP por uma ex-funcionária, que denunciou o esquema.


A Promotoria identificou sete imóveis comprados pelos empresários, supostamente com o dinheiro ilícito dos golpes. Os apartamentos avaliados em R$ 5 milhões devem ir a leilão, por determinação da Justiça, e o valor obtido usado para ressarcir os prejuízos das vítimas.

 

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