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08/11/2016 18:45
Brasil
Manifestantes deixam a Alerj após três horas de discurso no plenário
Milhares de servidores fizeram protesto em frente ao Palácio Tiradentes
Servidores do Estado invadiram o plenário da Alerj / Foto Pablo Jacob / Agencia O Globo - Agência O Globo
O GLOBO

RIO - Após três horas de discurso, os manifestantes deixaram o plenário da Alerj, às 17h, pela porta da frente, cantando o hino nacional. Eles entregaram uma carta endereçada ao governador, em que reivindicam, principalmente, o arquivamento do pacote e a saída de Pezão do governo. Os servidores ainda estão do lado de fora do Palácio Tiradentes, mas a situação já se acalmou.

 

No meio da tarde, um grupo de manifestantes arrancou tapumes de uma obra na Assembleia Legislativa e invadiu o Palácio Tiradentes. Mais cedo, eles bateram nesses tapumes e gritaram palavras de ordem pedindo a saída do governador Luiz Fernando Pezão e do presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB). Desde a manhã, milhares de servidores e aposentados - a maior parte da área de segurança - protestam em frente à Casa contra o pacote de medidas contra a crise enviado pelo governo do estado. Com buzinas e apitos, os manifestantes fazem bastante barulho na porta da Casa. Nas mãos, cartazes contra as medidas do governo. "Não ao pacote das maldades" e "Não à covardia contra os servidores públicos ativos, a aposentados e pensionistas" são alguns deles. A Polícia Militar informou que não vai estimar o número de manifestantes. Os organizadores do protesto estimam o número em 20 mil.

 

 

A pista lateral da Avenida Presidente Antônio Carlos, na altura da Avenida Franklin Roosevelt, está interditada. O desvio é feito pela Avenida Presidente Wilson ou pela pista central da Antônio Carlos e, em seguida, a Avenida Almirante Barroso. Já a Rua Primeiro de Março está totalmente interditada. O trânsito é lento na região. Equipes da CET-Rio e da Guarda Municipal orientam os motoristas.

 

O plenário foi ocupado por servidores por volta das 14h, onde representantes de cada categoria realizam um discurso de rejeição ao pacote. O objetivo dos funcionários é conversar com o presidente da casa. Dezenas de PMs em serviço acompanham o ato dento da Alerj.

 

 

- O pacote de maldades ia entrar em votação hoje. Como vão tirar um direito que é nosso? Aqui tem muito cargo comissionado que ganha mais que a gente. Já era para termos recebido, e não recebemos. Existe dinheiro na casa. Precisamos fazer algo para chamar a atenção - disse um subtenente dos bombeiros, que participa do protesto dentro do plenário.

 

 

Ao ser surpreendido pela entrada dos manifestantes no plenário, o deputado Wagner Montes, que estava no local, explicou ao grupo, sob vaias, que o projeto não seria votado nesta terça-feira. Ele informou que o pacote está na pauta para ser votado em dezembro e acrescentou que o texto ainda receberá emendas. Após o discurso do deputado, muitos servidores deixaram o plenário e voltaram para a porta da Alerj, onde ainda há centenas de pessoas.

 

Em nota, o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, declarou que "a invasão do plenário da Alerj é um crime e uma afronta ao estado democrático de direito sem precedentes na história política brasileira e deve ser repudiado. Esse é um caso de polícia e de justiça e não vai impedir o funcionamento do Parlamento (...) Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados. ".

 

Segundo o comunicado, as discussões das mensagens enviadas à Assembleia pelo Poder Executivo começam no dia 16.

 

ESPERANÇA NOS DEPUTADOS

 

O presidente da Coligação de Policiais Civis (Colpol), o comissário Fábio Neira, disse que o objetivo é sensibilizar os deputados para que eles barrem as medidas austeras propostas pelo governo.

 

 

- Espero que essa Casa barre aqui esse 'pacote das maldades'. As lideranças da Polícia Civil enviaram um carta de repúdio aos deputados - disse Neira.

 

Por volta de 12h, numa reunião entre representantes de entidades de policiais, bombeiros e agentes da Secretaria estadual de Administração Penitenciária com deputados da Comissão de Segurança da Alerj, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), Francisco Chao, havia garantido que a categoria não seria agressiva.

 

 

- Entendemos que essa casa é de diálogo. Gritaria é no botequim. Nós não vimos aqui para gritar. Fomos procurados, inclusive, por outras categorias do serviço público. Temos muita simpatia, estamos irmanados na dor. Mas, eu fico muito tranquilo em dizer isso, não contem conosco para aumentarmos o problema. Nós, policiais, quando viemos aqui para essa casa, viemos para dialogar, e não para entrar em atrito com o corpo de segurança da Alerj - garantiu Chao.

 

Logo depois, a presidente da Comissão de Segurança, deputada Martha Rocha (PDT), pediu aos representantes que fossem para fora da Alerj pedir calma a manifestantes que estavam querendo entrar na assembleia.

 

- Peço aos senhores representantes para irem até lá. Como combinamos, não cabe mais ninguém aqui dentro - solicitou Martha Rocha.

 

FUMAÇA AZUL

 

No início do protesto, policiais militares, que caminharam da Central à Alerj, junto com bombeiros e agentes do Desipe, soltaram uma fumaça azul para representar a participação dos agentes da corporação no protesto.

 

A região foi cercada por policiais do Batalhão de Choque, que atuaram na segurança durante o protesto.

 

PICCIANI PREVÊ APROVAÇÃO

 

Mesmo com toda a repercussão negativa que o pacote de ajuste fiscal do governo suscitou entre deputados — inclusive os da base aliada —, Picciani calcula que os projetos de lei enviados pelo governador Luiz Fernando Pezão serão aprovados com 40 a 50 votos. Com 36 votos, caso os 70 deputados apareçam em plenário, o governo garantiria a aprovação das medidas dos 18 projetos de lei ordinária e dos três projetos de Lei Complementar (que demandam maioria absoluta).

 

Ao GLOBO, Picciani, que é o principal articulador do pacote na Alerj, afirma que a estratégia de negociação é convencer os parlamentares contrários ao projeto que não há outro caminho para equilibrar as contas do estado. Ele garantiu ainda que o PMDB, com 15 deputados, vai apoiar ao pacote.

 

— Vai demandar um grande debate, mas vai se avançar muito. O Estado não pode ficar nessa situação. Evidente que são medidas duras, mas necessárias. Acho que nós vamos construir uma maioria para aprovar. Acredito que (teremos) na faixa entre 40 e 50 votos, que será suficiente para aprovar a maioria — disse.

 

 

 

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