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14/10/2016 15:45
Brasil
MP do DF vai apurar morte de homem após falta de combustível em ambulância
Vítima aguardava UTI e esperou ambulância do Samu por mais de 10 horas
/ Reprodução de vídeo
G1

O Ministério Público do Distrito Federal informou nesta sexta-feira (14) que vai investigar a morte do homem de 62 anos que morreu após esperar mais de dez horas por uma ambulância do Samu porque faltava combustível. A apuração será conduzida pela Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida).

 

 

Antônio Paiva Filho estava internado havia oito dias no Hospital de Planaltina e tinha conseguido vaga na UTI de um hospital particular na última quarta-feira (12), mas teve de aguardar por conta da falta de combustível. Quando uma ambulância chegou ao hospital, ele já tinha morrido por infecção generalizada.


A Secretaria de Saúde afirmou que o idoso teve atendimento adequado na unidade de Planaltina, mas que o caso era muito grave. A pasta disse que o homem teve suporte e terapia intensiva. A secretaria nega que tenha havido prejuízo a pacientes por falta de combustível em ambulâncias.


Entenda o caso


Duas ambulâncias do Samu ficaram paradas por falta de combustível nesta quarta (12). Segundo o Samu, os veículos ficaram desabastecidos por falta de verba para pagar o fornecedor. A Secretaria de Saúde informou que o empenho de R$ 1,155 milhão foi realizado na última terça e é suficiente para o abastecimento dos veículos da rede pública por 60 dias.


A família do morador de Planaltina aposentado reclama que a situação provocou a morte dele. A filha dele, Shirley Garcia Paiva, afirma que ele tinha uma doença no fígado em estágio avançado, obrigando-o a ser tratado em uma UTI. Por isso, a família entrou na Justiça.


Internado em Planaltina no dia 5, o aposentado esperou cinco dias por uma vaga de UTI, que acabou surgindo em um hospital particular do Cruzeiro. A família comemorou, acreditando que o problema estava resolvido, mas faltou a ambulância para levá-lo. Por telefone, o Samu não conseguia dar informações sobre o problema.


Para contornar a situação, Shirley se ofeceu a abastecer a ambulância. "É um absurdo as pessoas morrerem por falta de gasolina e você ter dinheiro, e não poder botar gasolina no carro. Porque gasolina, você coloca R$ 50, R$ 100", disse. O Samu informou que a situação foi resolvida à noite, mas o pai dela acabou morrendo por volta das 23h desta quarta, assim que chegou na UTI.

 

37 ambulâncias


O Samu possui 37 ambulâncias para atendimento da população e, diariamente, recebe 3,5 mil chamados, de acordo com a Secretaria de Saúde. Deste total, sete veículos são considerados “suporte avançado” – com condutor, enfermeiro e médico – e outras 30, “básicas” – com equipe formada por condutor, enfermeiro e dois técnicos de enfermagem.


Em setembro, a Secretaria de Saúde publicou balanço das atividades da saúde pública do DF nos quatro primeiros meses do ano. O Samu registrou tempo de resposta médio de 13 minutos para os chamados entre janeiro e abril. É considerado tempo de resposta o período contado entre o registro do chamado de socorro até a chegada da equipe ao local onde se encontra a vítima.


Em janeiro, o índice de mortes de pacientes atendidos pelo Samu foi de 5,34% – acima dos 4% estipulados. Nos meses seguintes, o percentual baixou – 2,93% em fevereiro; 1,76%, em março; e 2,01%, em abril. A partir de fevereiro, a Secretaria de Saúde passou a discriminar os tipos de morte de pacientes entre “óbito após parada cardiorrespiratória”, “óbito constatado” e “óbito”.


O relatório do primeiro quadrimestre deveria ter sido apresentado na metade do segundo período analisado pelas Secretaria de Saúde (entre junho e julho). Segundo a pasta, o atraso ocorreu porque o então titular da pasta, Fábio Gondim, foi substituído em março e também por “correções necessárias” ao texto do documento. O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, afirma que a pasta pretende completar a construção de uma base do serviço em cada região administrativa.

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