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12/10/2017 08:40
Brasil
Paulo Wanderley assume presidência do COB
O novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, fala à imprensa após reunião extraordinária com as confederações brasileiras olímpicas / Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com a renúncia de Carlos Arthur Nuzman apresentada, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) será presidido por Paulo Wanderley, vice-presidente da entidade desde o começo do ano.

 

A carta de renúncia de Nuzman foi lida por seu advogado, Sergio Mazzillo, durante assembleia extraordinária do COB. Nuzman é investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Unfair Play - Segundo Tempo, que apura o pagamento de propinas no processo de escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos 2016. Ele foi detido na última quinta-feira (5) e está preso preventivamente.

 

Paulo Wanderley, de 67 anos, foi presidente da Confederação Brasileira de Judô entre 2001 a 2017. Em entrevista após a assembleia extraordinária do COB, ele elogiou a trajetória de Nuzman e disse que não pode prometer superar sua contribuição para o desenvolvimento do esporte brasileiro, que seria incalculável. Wanderley disse que trabalhará em favor da credibilidade e do repeito do COB. “É uma coisa eu acho que posso implementar. Dar mais segurança ao nosso público de que as coisas serão corretas. Haverá cobrança interna. Aqui se delega, mas se fiscaliza”.

 

 

Durante a assembleia, foi criada uma comissão para propor uma reforma do estatuto do COB em 45 dias, que deve alterar o processo eleitoral na entidade. Uma das mudanças deverá ser o aumento da participação dos atletas e regras menos rigorosas para composição das chapas para o comando da instituição.

 

 

O novo presidente do COB disse que pretende ficar no cargo pelo menos até 2020 e não descartou uma tentativa de reeleição para um novo mandato, que iria até 2024. Aprovada em 2013, a Lei 9.613 estabelece que dirigente de entidade que receba dinheiro público só tem direito a uma reeleição.

 

 

“Eu fui eleito para um mandato de quatro anos, um ciclo olímpico, de acordo com o estatuto. A intenção, a pretensão e a legalidade estatutária, prevê mandato de quatro anos, o qual eu pretendo cumprir”, disse Paulo Wanderley.

 

 

Sobre a suspensão do COB aplicada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), Wanderley disse que a revisão estatutária poderá ajudar a reverter a medida.

 

 

Estatuto

 

 

A comissão de reforma do estatuto do COB será presidida pelo representante da comissão de atletas junto ao comitê, o judoca Tiago Camilo. Os demais integrantes são os presidentes das confederações brasileiras de vela, Marco Aurélio de Sá Ribeiro; de esgrima, Ricardo Machado; e de atletismo, José Antônio Martins Fernandes.

 

 

“Nós aprendemos muito quando competimos, viajamos, conhecemos outras escolas, outras estruturas e outras formas de gestão. Então nada mais justo que usarmos esta experiência para melhorar a realidade do esporte brasileiro”, disse Tiago Camilo.

 

 

Segundo ele, a mudança nas regras internas trará mais transparência para a entidade. “O Brasil clama por mudanças em todas as áreas e não pode ser diferente no esporte. O COB e as federações existem para os atletas. E nada mais justo que os atletas serem mais participativos e atuantes”, acrescentou.

 

 

Durante a assembleia, um grupo de atletas e ex-atletas protestou na entrada da sede do COB com cartazes e palavras de ordem pedindo “Diretas já” na entidade. Eles defendem que todos os atletas tenham direito a voto direto na escolha do comando do comitê, reivindicação que não deve ser atendida no momento.

 

 

A discussão principal está na ampliação da participação dos atletas na assembleia do COB. Atualmente, apenas o representante da comissão de atletas tem direito voto na assembleia do comitê. Além dele, votam os presidentes das confederações, os membros natos escolhidos pela assembleia e representantes do Comitê Olímpico Internacional (COI).

 

 

“Todo mundo está ciente de que é necessária uma mudança, uma modernização. O mundo mudou. Hoje o atleta tem um protagonismo. Outras instituições também têm protagonismo. E está na hora destes protagonistas serem incorporados no processo decisório”, disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, destacando que o COB é uma organização privada, mas que trabalha com muito dinheiro público.

 

 

A primeira reunião da comissão que vai atualizar o estatuto do COB deve ocorrer na próxima segunda-feira (16). Para elaborar a proposta, haverá encontros com diversos setores interessados, não apenas os atletas, mas também com a Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados e com juristas e especialistas na área. O documento final será apresentado em 45 dias e levado para a apreciação da assembleia do COB, a quem compete aprovar o novo estatuto.

 

 

Fonte: Agência Brasil

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