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27/10/2016 16:30
Brasil
Peixes mortos são despejados nas escadas do Palácio Anchieta no Espírito Santo
Ato é contra a morte de 10 toneladas de peixes na foz do Rio Jucu
Peixes mortos do Rio Jucu são colocados no Palácio Anchieta em protesto / Foto: Luiza Marcondes/G1
G1

Manifestantes despejaram peixes mortos do Rio Jucu, na escadaria do Palácio Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo, na manhã desta quinta-feira (27). O ato é em protesto contra a morte de mais de 10 toneladas de peixes que apareceram na foz do rio, em Vila Velha.


Os moradores dizem que as mortes começaram no sábado (22) e que o problema é causado pelo baixo volume de água e oxigênio do rio. Nesta quarta-feira (26), uma escavadeira começou a retirar a areia que impedia o encontro do rio com o mar. Os peixes mortos também começaram a ser retirados.


Analistas do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), da Agência Estadual de Recursos Hídricos e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Vila Velha estiveram no local para fazer testes e avaliar as possíveis causas de morte dos peixes.

 

A aposentada Mônica Ferreira, de 52 anos, protesta e diz que o grande problema do Rio Jucu é a quantidade de agrotóxico que estão jogando nele. “Isso, a Cesan não tem como tratar. A gente está bebendo uma água cheia de agrotóxico. Não adianta consumir produto orgânico, bebendo água contaminada. Queremos, além da retirada de fezes, a retirada de agrotóxicos da água”, reclama.


A comunicadora popular Fabiola Melca, de 34 anos, disse que o protesto precisa ser de todos que bebem água na Grande Vitória. “Além de mostrar a devastação na foz do rio, a gente quer ressaltar que esse rio é estadual. Ele nasce em Domingos Martins e abastece 70% das casas da Grande Vitória. Todo mundo tem que falar desse rio, não só quem sente o cheiro de podre”, disse.


Algumas pessoas disseram que receberam a informação de que serão multadas por jogarem peixe podre no palácio. Ninguém foi detido e o ato foi pacífico.

 

Ambientalista


O ambientalista Eduardo Pignaton disse que “essa geração de peixes entrou para fazer a piracema. Eles entraram para reproduzir. Então, o que aconteceu? Toda essa geração de peixes está morta. Nós vamos ter que esperar o rio melhorar, para que outra geração entre para desovar. A tendência é que os peixes sumam por, pelo menos, uns três, quatro anos da foz do rio”.


Além dos problemas de esgoto, poluição e nível baixo do rio, os peixes mortos começam, agora, a invadir o manguezal. “Era importantíssimo que a prefeitura e o governo do estado viessem recolher esses peixes, que já estão mortos, para evitar que a população coma esse material. O risco de infecção intestinal é muito grande. A gente não sabe, exatamente, o que tem dentro desses peixes”, destacou Pignaton.

 


Outro lado


A Companhia Espírito Santense de Saneamento foi procurada pelo G1 para prestar esclarecimento sobre a denúncia de água contaminada com agrotóxico e disse que monitora regularmente a água distribuída e que a quantidade de agrotóxico está dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

 


A reportagem também entrou em contato com o Iema e o órgão disse que os resultados das análises feitas na água do Rio Doce mostraram que a redução dos níveis de oxigênio causou a morte dos peixes, e por isso, é tão importante a reabertura da foz do Rio Jucu.


O coordenador de Recursos Naturais da Prefeitura de Vila Velha, Luiz Carlos Ricarto, disse que o objetivo da abertura da foz é possibilitar a oxigenação e viabilizar a passagem das embarcações dos pescadores. “Fazendo a abertura da foz, possibilita que os pescadores possam passar aqui com suas embarcações, que é o seu sustento, a pesca. E a outra é aproveitar a abertura, aí se tem a oxigenação aqui dessa região do estuário. Isso minimiza a mortandade de peixes”, disse.

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