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07/12/2016 09:44
Brasil
Sobrevivente diz que só deu tempo de falar 'Jesus, me salva' antes de queda
Avião caiu em cemitério de Cruz Machado, no Paraná
Monomotor caiu no cemitério municipal de Cruz Machado / Foto: Isabeli Zucheli/RPC
G1

"Foi muito rápido. Só deu tempo de falar 'Jesus, me salva'. Eu vi onde a gente ia cair. Ele [o piloto] puxou o comando do avião, mas o avião não obedeceu", relata o fotógrafo Clodoaldo Marques Gomes, de 46 anos. Ele sobreviveu à queda de um avião em Cruz Machado, no sul do Paraná, e sofreu apenas arranhões.

 

O acidente aconteceu no fim da manhã de segunda-feira (5). Era por volta de meio-dia quando a aeronave de pequeno porte caiu no cemitério e pegou fogo, no Centro.

 

Duas pessoas estavam no voo.


O piloto Louis Fernando Chinkevicz, de 34 anos, morreu na hora. Já Clodoaldo teve apenas ferimentos leves e recebeu alta do hospital na terça-feira (6). Ele fazia fotos aéreas da cidade momentos antes do acidente aéreo.

 


Em casa, poucas horas de receber alta, o sobrevivente recebeu a reportagem do Paraná TV Guarapuava.


Emocionado, ele deu detalhes do acidente. "Não tem explicação. A gente acompanha acidente aéreo e eu, particularmente, nunca vi ninguém sair andando da forma que saí. É um milagre", acredita.


Por volta das 10h de segunda-feira, a aeronave saiu do aeroporto de União da Vitória, também no sul do estado, para fazer imagens aéreas de Cruz Machado, a 50 quilômetros. Segundo relatos de testemunhas, perto do meio-dia, depois de quase duas horas de fotos, o avião começou a voar baixo e caiu na Capela Mortuária.

 


João Lourenço de Souza estava na varanda de casa quando percebeu que a aeronave fazia movimentos estranhos antes da queda. "Pensei: 'Não está certa alguma coisa'. Quando vi, só tinha um poeirão. Peguei o carro e fui. Já tinha pegado fogo", relata o pedreiro.


Já Clodoaldo conta que ele e o piloto chegaram a perceber um problema no avião pouco antes da queda. "Disse para ele: 'Vamos fazer essa avenida e essa avenida dava no cemitério'. Quando ele foi fazer a avenida, eu disse: 'Pode voltar'. Eu sabia que tinha o cemitério. E disse que podia voltar", lembra.

 


Ainda conforme Clodoaldo, nesse momento, o piloto afirmou que tinha algo errado. "Ele disse que tinha alguma coisa errada. Quando falou 'Tem alguma coisa errada', vi que a aeronave já inclinou e entrou em declive. Só deu tempo de falar 'Jesus, me salva'. Quando terminei, a gente bateu", relata.

 


Após a queda, Clodoaldo tirou o corpo do piloto do avião, que pegou fogo em seguida. As chamas foram apagadas com a ajuda de moradores. "Depois que tirei o Fernando até uma altura, voltei e olhei pra aeronave. Não acreditava que estava vivo. Comecei a chorar", conta.

 


Ainda não é possível afirmar o que causou o acidente. Investigadores da Força Aérea Brasileira (FAB) estiveram, na terça-feira, no local do acidente. Eles tiraram fotos dos destroços e analisaram a área. A perícia também observou a parte mecânica da aeronave.

 


A perícia observou ainda a parte mecânica da aeronave. Esse é o trabalho inicial do processo de investigação. Todo o material coletado deve ser analisado pela FAB.

 


No entanto, segundo uma análise preliminar dos investigadores, é possível afirmar que o avião não caiu. O piloto tinha o controle mínimo da aeronave e tentou fazer um pouso forçado, conforme os especialistas. A investigação não tem prazo pra terminar.

 


Enquanto espera pra saber o que causou a queda, Clodoado quer aproveitar todos os dias da melhor forma possível.

 


"Eu nasci em Cruz Machado de novo nesse 5 de dezembro. É um dia que vai ficar marcado na minha vida pra sempre, tive uma segunda chance. Vou, cada vez mais, colocar simplicidade na minha vida, mais amor ao próximo e cultivar isso", garante.

 

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