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A TV Brasil estreia hoje (25) a novela angolana Jikulumessu (Abre o Olho) – a segunda narrativa do país africano a ser exibida na emissora pública brasileira. Segundo o professor de relações exteriores Pio Penna Filho, os produtos culturais brasileiros são muito mais conhecidos em Angola do que o contrário. “Nossos meios de comunicação têm importância fundamental para melhorar isso”, diz o pesquisador de assuntos relacionados à África. No campo diplomático, os dois países mantêm 46 acordos em vigor, sendo que pelo menos 13 tratam de temas da área cultural. Outros assuntos que se destacam são cooperações nas áreas de tecnologia (30), de agricultura (10) e outras modalidades de cooperações institucionais.
O Ministério das Relações Exteriores explica que Brasil e Angola contam com uma “parceria estratégica”, que começou em 2010 e trouxe “nova dimensão às relações bilaterais”. Em relação a essa parceria, o Itamaraty esclarece que foi criada uma comissão bilateral de alto nível com encontros periódicos. “Trata-se de importante mecanismo bilateral em que os dois chanceleres passam em revista os principais pontos da agenda [cooperação, defesa, educação, enfim, qualquer tema] e eventuais temas da agenda regional e internacional em que tenham algum interesse”, explicou o Itamaraty em nota. De acordo com o governo, a primeira reunião ocorreu em Brasília, em outubro de 2012, e a última, em abril de 2016, em Luanda.
Para Pio Penna Filho, as relações entre os dois países têm importantes elementos para que sejam ainda mais aperfeiçoadas. Em relação a aspectos culturais, o pesquisador entende que existe um intercâmbio importante. “Nenhum outro país tem tanta receptividade à cultura brasileira. Inclusive, também em relação ao idioma, há uma compreensão mútua. Temos tudo para que essas relações se aproximem mais. Nossas músicas chegam a Angola desde a década de 1980. Nossas novelas, também”. De acordo com o professor, raízes culturais ajudam para a manutenção de parcerias nessa área.
Relação histórica
A aproximação entre Brasil e Angola tem raízes históricas que vão além do idioma. O governo brasileiro foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola, antiga colônia portuguesa, em novembro do ano de 1975. Na ocasião, segundo o professor, o governo militar brasileiro, de Ernesto Geisel, teve interesse em se posicionar sobre o tema. “O Brasil precisava mandar uma mensagem clara, de que havia mudado, para a África. As relações antes estavam prejudicadas porque o país ou tinha apoiado o colonialismo português ou se omitido em relação à descolonilização”. Angola passava por disputas pelo poder entre três grupos: o Movimento pela Libertação de Angola (o MPLA, que governa o país até hoje), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para Independência Total de Angola (Unita).
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