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“A melhor coisa que o homem pode ter é o conhecimento, porque podem te tirar tudo, menos o saber”, afirmou, emocionado, o reeducando Wilton Santos, ao ser informado de que tinha sido um dos classificados para a 2ª etapa da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
Além dele, outros nove custodiados conseguiram o mesmo feito, refletindo o empenho da Gerência de Educação da Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), em disponibilizar o ensino formal, informal e profissionalizante no sistema prisional.
A OBMEP é desenvolvida em duas fases. A primeira é composta por uma prova objetiva (múltiplas escolhas), onde se classificaram seis reeducandos do Núcleo Ressocializador da Capital e quatro do Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano. Na segunda fase da seleção será realizada uma prova discursiva, onde 5% dos alunos serão classificados. A prova da segunda fase será realizada neste sábado (10), às 14h30m, nas referidas unidades prisionais.
O reeducando Jasson Silva foi um dos classificados para a 2ª etapa da competição. Ele parou de estudar no ensino fundamental e passou trinta anos longe das salas de aula. Jasson afirmou que até chegar ao sistema prisional não tinha perspectiva de concluir os estudos. “Hoje, eu consigo trabalhar durante o dia e dedicar a minha noite para os livros”, disse o custodiado, que trabalha nos serviços gerais no Núcleo.
“O fato de ter passado para a segunda fase da Olimpíada representa um estímulo a mais para estudar. Tenho três filhas e dois netos e é bom proporcionar essa alegria para a minha família. Não gostaria de estar preso, mas, já que estou, vou aproveitar esse tempo para me tornar uma pessoa melhor. Concluí o ensino médio no Núcleo e quando sair quero fazer faculdade de Teologia. Esse é só o início da minha caminhada”, declarou Jasson.
Em Maceió, dos oito reeducandos que fizeram a prova, seis passaram para a segunda fase. “Ter sido classificado foi uma surpresa boa”, revelou Wilton Santos, que cumpre pena há quase três anos. Assim como Jasson, ele parou os estudos no ensino fundamental, retomou os estudos no sistema prisional e já conseguiu concluir o ensino fundamental. Seu próximo passo será é terminar o ensino médio este ano.
“Achei que não voltaria a estudar, pois, no interior, sempre escutamos que cavalo velho não aprende. Hoje vejo que isso é um engano e que nunca é tarde para adquirir conhecimento. Já passei muito tempo parado, não quero mais perder tempo. Ao sair do sistema penso em fazer faculdade de Segurança do Trabalho. A sociedade acredita que ficamos reclusos sem fazer nada, mas aqui no Núcleo todos estudam e trabalham”, explicou.
“Foi através do meu exemplo que estimulei meu filho a estudar. Conversei com ele expliquei a importância de estudar. A partir daquela conversa ele foi se tornando mais aplicado na escola. Até me confidenciou outro dia que tem orgulho de dizer aos amigos que mesmo preso, o pai dele continua buscando conhecimento. E isso é muito bom pra mim”, concluiu Wilton Santos.
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