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“Vamos trazer esse alagoano de volta!”. Quando o Estado faz 200 anos, esse é o ‘mote’ usado no projeto que pretende reintroduzir o Mutum-de-Alagoas, ave rara e extinta na natureza, outrora encontrada em áreas de Mata Atlântica, principalmente do Litoral Sul.
Os passos finais serão dados após esses dois últimos dias de intenso trabalho, quinta e sexta-feira (24 e 25), realizados pelo Grupo de Trabalho Estadual e especialistas nacionais em ave-fauna, reunidos durante a I Reunião do Plano de Ação Estadual do Mutum-de-Alagoas.
O grupo está realizando os últimos ajustes no plano que terá como primeira ação a inserção de dois casais em um viveiro que está sendo construído especialmente para receber os ‘alagoanos’. No local, visitantes poderão conhecer a ave, que não é registrada há pelo menos 30 anos na natureza e, por isso, completamente desconhecida para muitas pessoas.
“O viveiro de imersão está em fase final de construção e é chamado dessa forma, porque as pessoas poderão entrar em pequenos grupos, de cinco pessoas, e conhecer o Mutum”, comentou Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA).
Segundo Epitácio Correia, gerente de Fauna, Flora e Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), está em fase de conclusão a elaboração da documentação e autorizações legais para a recepção das aves.
O Mutum-de-Alagoas é considerado hoje uma das aves mais raras do planeta. Endêmica de Alagoas, ela só existe ainda porque foi reproduzida em cativeiro. Um dos responsáveis por isso é o criador Pedro Nardelli que conseguiu capturar seis exemplares e dar início ao programa de reprodução em cativeiro, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Fernando Pinto explica que, hoje, existem cerca de 230 aves. No criatório de Nardelli existem 121 indivíduos, sendo 54 Mutuns puros.
Dessa forma, e reconhecendo a importância dos estudos e esforços, o Governo de Alagoas está empenhado em garantir a reintrodução e a sobrevivência dos espécimes.
Inicialmente, os dois casais serão os primeiros a chegar no Estado. A perspectiva é que depois sejam reintroduzidos outros três casais na natureza, após um período de adaptação – considerando que eles foram reproduzidos e ambientados na região Sudeste do país.
Para toda essa operação de reintrodução dar certo, o governador Renan Filho se comprometeu em fazer o que for possível. Para isso, além do IMA/AL, há esforços por parte da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).
“A segurança do BPA será fundamental para que o trabalho de trinta anos não seja perdido com um tiro de espingarda”, comentou Fernando Pinto. Porque a caça está como uma das principais causas da extinção do Mutum-de-Alagoas, junto com o desmatamento para a plantação de cana-de-açúcar, na década de 1980.
Na reunião de trabalho, ficou acertado que ainda em setembro, com a chegada da primavera e as comemorações dos 200 anos de Alagoas, os primeiros casais das aves chegarão no Estado.
Além do IPMA, IMA/AL, Semarh, BPA, o grupo de Trabalho Estadual é composto ainda pelo Ministério Público Estadual (MPE), Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), Instituto SOS Caatinga e pelo Sindicato do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar).
Fonte: Agência Alagoas
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