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08/05/2017 21:56
Meio Ambiente
Maceió registra quadrimestre com temperatura mais alta dos últimos cinco anos
/ Divulgação

As frases mais comuns ouvidas e ditas durante o verão maceioense são: "Hoje tá muito quente!", "Está tão quente, que estou até 'derretendo'", "Que calor é esse?", e "Tá um mormaço hoje!". Elas podem até ser ditas, já que o sol é predominante o ano todo na capital alagoana. E, de janeiro a abril deste ano, foram registradas as temperaturas mais elevadas dos últimos 5 anos, chegando a 35º Celsius.

 


De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), vários fatores influenciam no clima na cidade, entre eles a baixa intensidade dos ventos, chuvas durante a madrugada e arborização. Segundo o meteorologista da Sala de Alerta, Vinicius Nunes, as chuvas que caíram nos últimos anos foram abaixo do esperado, o que influenciou diretamente no aumento da temperatura.

 

 

"Os últimos anos foram bastantes secos, onde registramos níveis baixos de chuvas, chegando a 40% do esperado. Isso contribui muito para o aumento do calor, principalmente no período entre 12h e 14h, onde registramos as maiores temperaturas, chegando a 28º C na sombra", explicou.

 

 

Ainda de acordo com Vinicius Nunes, os fatores que influenciam as altas temperaturas são interligados. Segundo ele, as chuvas que caem durante a madrugada facilitam o surgimento do "efeito sauna". Ele acontece no momento em que o sol provoca a evaporação da água para a atmosfera e o vapor traz a sensação térmica de altas temperaturas, ou o chamado "mormaço".

 

 

Além disso, a baixa intensidade dos ventos vindos do oceano favorecem para que o vapor não chegue com rapidez à atmosfera, formando as chamadas ilhas de calor. Segundo ele, quanto menos vento, menos calor é dissipado e as temperaturas se elevam.

 

 

"As chuvas caem durante a madrugada, no outro dia o sol vem e faz o processo de evaporação, mas como os ventos estão fracos, o vapor fica acumulado. Nossa atmosfera fica úmida e nós não conseguimos perder calor. O nosso corpo retém mais calor e, por isso, sentimos essa temperatura mais elevada", explica.
Segundo dados divulgados pela Semarh, entre os meses de novembro e março são registradas as maiores temperaturas. O pico mais elevado 35º Celsius e a menor - entre as máximas - foi de até 27º C.

 

 

ARBORIZAÇÃO

 

 

Falta de áreas verdes nos grandes centros urbanos também provoca aumento das temperaturas e reduz a umidade do ar, problemas que podem ser solucionados com arborização. Em uma pesquisa realizada pela Revista Galileu - importante veículo científico no País - a capital alagoana possui apenas 57,1% do território arborizado, ocupando o 58ª colocação no ranking estadual (102 municípios).

 

 

A arborização das cidades pode contribuir com as temperaturas pelo sombreamento. Além disso, a vegetação gera um processo chamado evapotranspiração, que é a transpiração da planta mais a evaporação.

 

 

"Com a sombra de uma árvore, as cidades não recebem a energia direta do sol, porque a árvore vai usá-la em seus processos biológicos. A árvore está com a raiz no solo e ao retirar água do solo, a água sobre pelo caule e sai pelas folhas. Boa parte da água que a planta retirou do solo será utilizada em processos metabólicos. Com a outra parte, a árvore evapotranspira, ou seja, a água sai pelas folhas e é disponibilizada na atmosfera. Quanto maior a temperatura, maior esse processo", explicou Vinicius Nunes.

 


31 MIL ÁRVORES EM DOIS ANOS

 

 

De acordo com o levantamento do Departamento de Arborização e Jardinagem, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds), o plantio nos últimos dois anos levou 31.961 novas árvores a praças, canteiros, escolas e vias públicas da capital. Além deste trabalho, a Semds faz a doação de mudas à população. Neste mesmo período, 9.096 plantas - entre arbóreas e ornamentais - foram entregues aos maceioenses por meio de eventos e intervenções nas comunidades, bem como doações feitas no Parque Municipal de Maceió.

 

 

Para 2017, a Semds prevê o plantio de onze mil mudas até o final do ano, além das doações. Somente na última semana, 200 novas árvores foram plantadas na extensão da Avenida Josefa de Melo, no bairro São Jorge. Segundo explica o secretário Gustavo Acioli Torres, a pasta está planejando a elaboração do Plano de Arborização de Maceió, que vai delimitar a atividade para intensificar o plantio atendendo a critérios técnicos ambientais, conforme orientação da equipe técnica do órgão municipal.

 


"A arborização é um trabalho de extrema importância, com impactos ambientais significativos, além de deixar a cidade ainda mais bonita por conta da função paisagística. Tendo uma Maceió mais verde, com o plantio adequado conforme a nossa área urbana, as árvores passam a contribuir com a ventilação, permitindo o conforto térmico e também melhora a sombra. Outros benefícios do plantio são que há a diminuição da poluição sonora, parte dos raios solares e da poluição atmosférica é absorvida, e favorecemos a ambientação de aves. Sabemos que Maceió tem uma área urbana vasta e vamos trabalhar para deixá-la cada vez mais verde, ambientalmente correta", destaca o titular da Semds.

 


Em relação à conservação ambiental, Gustavo Acioli Torres ressalta que a pasta também está viabilizando a criação de dois novos parques municipais, a exemplo do que existe no bairro de Bebedouro. O objetivo, segundo o gestor, é garantir a preservação dos trechos de Mata Atlântica que existe entre a área urbana da cidade, locais que também servem para ações de educação ambiental para a população. A criação dos novos parques está em fase avançada de mobilização, com estudo de áreas.

 


ORIGEM DAS ÁRVORES PLANTADAS EM MACEIÓ

 

 

Quem caminha pelas ruas da cidade talvez não imagine de onde vem as árvores e plantas que dão beleza aos canteiros, praças e áreas de lazer. Elas são cultivadas em um lugar especial de Maceió, no Parque Municipal, onde há o único viveiro público de Alagoas. Em um trabalho completamente manual e consideravelmente artesanal, feito à mão e com muito zelo, uma equipe garante a arborização da capital: são cerca de oito mil mudas produzidas por mês, entre arbóreas e ornamentais que são levadas às vias públicas e também doadas aos maceioenses que procuram o parque para colaborar com o plantio na porta de casa.

 

 

"Prestes a completar 40 anos de existência, o Parque Municipal tem hoje uma importância que ultrapassa o fato de ser uma reserva ambiental da Mata Atlântica. Com responsabilidade e os devidos cuidados, a gestão do prefeito Rui Palmeira reativou o local, que passou a ser utilizado como uma ferramenta de educação ambiental bastante eficaz. Lá, outro trabalho importante é a produção das mudas no viveiro, ação que colabora de forma grandiosa com a arborização da cidade. Assim, conseguimos implantar políticas de sustentabilidade e para preservação do meio ambiente", destaca Gustavo Acioli Torres.

 


Este trabalho é acompanhado pela Coordenação de Arborização e Jardinagem da Semds, órgão gestor do parque. Segundo explica o responsável pelo setor, José Rubens, o viveiro funciona da seguinte forma: as mudas são produzidas e, no período chuvoso, é iniciado o plantio em diversos pontos da cidade para que haja um bom desenvolvimento. Após a floração das árvores, a equipe de campo coleta sementes e leva ao viveiro para a produção de novas mudas. Ele descreve o processo como um ciclo, que é responsável pela alta produção.

 

 

"As mudas são cultivadas no viveiro e, quando alcançam a altura média de 1,80 metro, levamos ao campo para plantio. Aguardamos a floração para coletar novas sementes e, assim, sustentamos um ciclo que garante suficientemente a arborização de Maceió, além de nos possibilitar a doação aos maceioenses, que procuram o Parque Municipal. A nossa média de produção chega a oito mil mudas mensalmente, há períodos em que ultrapassamos ou registramos um pouco menos", diz José Rubens.

 

 

Para os maceioenses que têm interesse em obter mudas, o coordenador explica que a doação é de até três árvores por cidadão. A entrega é feita diretamente no Parque, de segunda a sexta-feira, no período da manhã. Ao solicitar, o cidadão deve informar onde será feito o plantio para que a equipe da Semds avalie a largura da calçada e se há rede elétrica ou hidráulica no local. A partir dessas informações, é feita a indicação da espécie mais adequada.

 

 

"Quando alguém chega aqui, consultamos primeiro qual é a localidade onde há o interesse de ser feito o plantio. A partir disso, avaliamos e liberamos a muda mais adequada para a arborização urbana, sendo de pequeno, médio ou grande porte. Fazemos essa orientação por se tratar de situações diferentes em cada solicitação", esclarece o coordenador.

 

 

Sobre as espécies, José Rubens diz que a escolha das sementes para a reprodução no viveiro leva em consideração a beleza da planta, a floração e a adaptabilidade à arborização urbana. Segundo o profissional, a espécie cuja produção tem sido mais comum é o Ipê.

 

Fonte: gazetaweb.com

 

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