24/11/2024
29ºC Maceió, AL Parcialmente nublado
(82) 99699-6308

Notícias

18/10/2016 18:30
Mundo
O chocante caso de abuso e morte de jovem de 16 anos que provoca indignação na Argentina
Episódio envolvendo Lucía Pérez, drogada e violentada em Mar del Plata, reforça preocupação com aumento de crimes contra mulheres no país
Lucía Pérez tinha apenas 16 anos e terminava o ensino médio / Foto: BBC/Reprodução/Facebook
G1

"Nunca vi um conjunto de fatos tão aberrantes", diz a promotora Maria Isabel Sánchez.


Ela está encarregada do caso de Lucía Pérez, adolescente de 16 anos que foi drogada, estuprada e morta por impalamento no balneário de Mar del Plata (Argentina) no sábado (15). Suspeita-se que ela tenha sido vítima de uma gangue de traficantes.


O crime hediondo chocou a Argentina, especialmente por ter ocorrido uma semana após uma grande manifestação de mulheres contra a violência na cidade de Rosário.


A história de Lucía só fez aumentar a sensação de insegurança e a percepção de crescimento do poder do narcotráfico entre os argentinos. Isso apesar de a Argentina ser um país com um dos menores índices de homicídios da América Latina - 8,8 por 100 mil habitantes em 2013 (o Brasil, por exemplo, registrou índice de 25,8 por 100 mil em 2014).


"Overdose"


A promotora Sánchez informou que o corpo de Lucía foi deixado em um hospital de Mar de Plata. A menina estava de banho tomado e vestida, inclusive com a roupa íntima. Segundo informações da mídia local, os agressores teriam avisado que a menina sofrera uma overdose.


A promotora suspeita que Lucía mantivesse algum tipo de relacionamento com um dos supostos agressores. Dois suspeitos - Matías Farías, de 23 anos, e Juan Pablo Offidani, de 41 anos - foram presos no domingo na casa em que o crime teria ocorrido.


"A menina foi à casa voluntariamente e lá foi atacada", disse Sánchez.


A Justiça argentina pediu ainda a prisão preventiva de um terceiro suspeito. De acordo com a polícia, o mesmo carro usado para deixar a menina no hospital foi visto próximo à escola.


Preocupação com insegurança


Pesquisas recentes revelam que a insegurança se transformou na principal preocupação dos argentinos. E a violência de gênero está no centro do problema: estatísticas do Ministério da Segurança mostram que crimes sexuais aumentaram 78% entre 2008 e 2015.


O Registro Argentino de Feminicídios, órgão do governo criado em 2015 após uma grande marcha contra a violência contra a mulher, estima que duas de cada dez mulheres assassinadas na Argentina tenham feito queixas prévias sobre violência.


A Argentina tem, de acordo com estatísticas oficiais, um dos maiores índices de tráfico humano da América do Sul.


"Mas não podemos encarar casualmente o fato de que Lucía foi violada e morta em Mar del Plata, onde já se mataram mulheres impunemente para proteger as redes de tráfico de mulheres", disse, em comunicado no Facebook, a ONG Ni Una Menos (Nem uma a menos, em português), que denuncia casos de violência contra a mulher na Argentina.


Com 600 mil habitantes, Mar del Plata é o município argentino com o maior número de condenações por exploração sexual.


A publicação, com quase duas mil curtidas em apenas 24 horas, também convoca organizações de gênero para uma paralisação de mulheres nesta quarta-feira.


"Vi mil coisas na minha carreira, mas nada igual a isso. Sei que não é muito professional dizer isso, mas sou mãe e mulher", afirma a promotora.

Comentários

Utilize o formulário abaixo para comentar.

Ainda restam caracteres a serem digitados.
CAPTCHA
Compartilhe nas redes sociais:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.

Mundo