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O doleiro Alberto Youssef deixou a carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por volta das 13h30 desta quinta-feira (17). Depois, seguiu para a sede da Justiça Federal, também na capital paranaense, onde colocou uma tornozeleira que lhe dá a possibilidade de ir para casa.
Youssef deve passar os próximos quatro meses em prisão domiciliar, em um apartamento no bairro Vila Nova Conceição, em São Paulo. Ele deve fazer a viagem de carro pela Rodovia Régis Bittencourt. São cerca de 400 quilômetros. A expectativa é a de que ele chegue até a noite na capital paulista.
A mudança de regime é um dos benefícios obtidos pelo acordo de delação que ele firmou com o Ministério Público Federal (MPF), em 2014.
Youssef foi um dos primeiros alvos da Operação Lava Jato. A prisão ocorreu em 17 de março de 2014, em um hotel em São Luis, no Maranhão. À época, as investigações da Polícia Federal apuravam a existência de uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro. O doleiro era apontado como um dos líderes do grupo.
A Lava Jato cresceu a partir do momento em que os investigadores encontraram ligações da empresa Costa Global, pertencente ao ex-diretor da PetrobrasPaulo Roberto Costa, e os atos de lavagem de dinheiro promovidos por Youssef. Costa foi preso três dias depois, que o doleiro, na segunda fase da Lava Jato.
Meses após as prisões, Costa decidiu fazer o primeiro acordo de delação da Operação Lava Jato. Nele, o ex-diretor da Petrobras revelou um esquema de cartel, que fraudava licitações na estatal, aumentando o valor das obras contratadas com grandes empreiteiras do país. Esse excedente pago pela Petrobras era usado pelas construtoras para pagar propina a funcionários da estatal e agentes políticos da base de apoio dos governos Lula e Dilma.
Logo após a delação de Costa, foi a vez de Youssef assinar um acordo com o MPF. O doleiro contou, principalmente, como eram feitas as operações de transferência de recursos ilegais do Brasil para bancos no exterior, em especial na Suíça, e as formas que eram usadas para que as quantias fossem repatriadas e distribuídas aos beneficiários das propinas.
A delação de Youssef é tida como uma das principais de toda a Lava Jato, justamente por ter mostrado aos investigadores o caminho usado para lavar o dinheiro.
Em troca, ele ficou sujeito à pena máxima de cinco anos em regime fechado e mínima de três anos. Em 2015, o acordo foi revisto e o doleiro ganhou o direito de ficar preso por três anos, sendo que dois anos e oito meses seriam em regime fechado e os quatro meses finais em regime domiciliar, com o uso de tornozeleira.
Os termos finais para a soltura de Youssef foram definidos pelo juiz federal Sérgio Moro, em outubro deste ano. Segundo o juiz, nesses quatro meses o doleiro só poderá sair do imóvel para ir à academia do condomínio, para sessões de fisioterapia.
Youssef também só poderá receber visitas previamente cadastradas junto à Justiça, como familiares e advogados. No entanto, apesar da restrição, não haverá monitoramento policial. Moro considerou que, por usar a tornozeleira, o doleiro não precisará de acompanhamento diário.
O doleiro poderá retirar a tornozeleira no dia 17 de março de 2017, quando completará três anos de prisão. A partir desse momento, ele passará para o regime aberto, ou seja, poderá ir e vir livremente.
Em contrapartida, o acordo de delação prevê que ele não poderá cometer nenhum crime pelos próximos 10 anos ou ficará sujeito a responder por todas os processos aos quais foi denunciado pelo MPF.
Caso não tivesse assinado o acordo, Youssef já teria acumulado, até o momento, 121 anos de prisão a serem cumpridos, apenas nas investigações da Lava Jato.
Velhos conhecidos
A história de Youssef com o crime começa muito antes da Lava Jato. De acordo com registros policiais, ele foi detido pela primeira vez ainda na adolescência. Ele e a mãe foram flagrados transportando produtos contrabandeados do Paraguai para revender em Londrina, cidade do norte paranaense onde o doleiro cresceu.
A proximidade com doleiros da fronteira ensinou ao jovem Alberto alguns dos truques para lavar dinheiro. Sem formação universitária, ele mantinha contato com parte da classe política da região norte do Paraná.
Em 2003, Youssef voltou à cadeia, acusado de atuar como líder de uma quadrilha que desviou dinheiro do já falido Banco do Estado do Paraná (Banestado). O doleiro foi apontado como o homem que ajudou a lavar os recursos ilegais, cuja fraude chegou a US$ 28 bilhões. Era, até então, o maior caso de corrupção já descoberto no país. O caso também foi julgado por Sérgio Moro.
Primeira delação da história
Após a prisão. a defesa do doleiro sugeriu ao MPF um acordo, no qual Youssef entregaria as informações que tinha, em troca de ter a pena reduzida. Foi o primeiro caso de um acordo de delação premiada no país. Ao todo, ele cumpriu cinco anos de prisão.
Assim como no acordo da Lava Jato, Youssef estava proibido de cometer novos crimes também por um prazo de 10 anos, o que não foi cumprido. Correndo o risco de ser condenado pelos crimes desvendados no Banestado, a defesa do doleiro conseguiu incluir aquele caso também no novo acordo, o que o isentou de continuar preso pelos crimes daquela época.
Baseada no acordo de Youssef, a Câmara dos Deputados editou uma lei para regulamentar outros acordos de delação. A nova legislação foi sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em agosto de 2013. Essa lei foi usada para as negociações tanto do novo acordo do doleiro, quanto em todos os demais da Lava Jato até o momento.
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