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Um atropelamento quase deixa José Evânio da Silva sem os movimentos das pernas e braços. O pintor de 55 anos foi um dos primeiros pacientes a realizar a cirurgia de artrodese de coluna no Hospital Geral do Estado (HGE), um procedimento inédito da área neurológica, que passa a ser executado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
De acordo com o neurocirurgião Fabrício Avelino, responsável pela área no HGE, a realização do novo procedimento vai agilizar o atendimento às vítimas de traumatismos raquimedulares. Com isso, eles não ficarão aguardando na fila de espera por vagas para realizar o procedimento em hospitais conveniados ao SUS, como acontecia anteriormente.
“É preciso reconhecer o esforço do governo estadual, aqui personificado na figura da secretária de Estado da Saúde, Rozangela Wyszomirska, que se sensibilizou diante de casos que, anteriormente, permaneciam por semanas à espera de cirurgia em outros serviços”, enfatizou o especialista. Ele ressaltou que este é o primeiro passo para a criação de um serviço eletivo em neurocirurgia no maior hospital público estadual.
A artrodese consiste em uma cirurgia de fixação da coluna, segundo explicou o médico Fabrício Avelino. “O procedimento costuma ser indicado quando se considera uma instabilidade entre as vértebras”, disse. É considerado o tratamento padrão para uma grande variedade de patologias da coluna. Atualmente, a fixação da coluna é feita com hastes e parafusos especiais, geralmente feitos de titânio, que é um material altamente compatível com o corpo e não provoca rejeição. Além disso, a maioria das cirurgias é realizada por técnicas minimamente invasivas, que causam pouca agressão cirúrgica ao paciente.
Restabelecimento dos movimentos
Severino da Silva, irmão de José Evânio, primeiro paciente beneficiado pelo procedimento, contou que, após o acidente, o pintor não conseguia sustentar o pescoço. “Era desesperador vê-lo naquela situação. Agora, após a cirurgia, ele está ótimo, com o pescoço certinho e até conseguindo mexer o braço direito, que estava sem movimentos”, comemorou.
A cirurgia de artrodese de coluna também beneficiou a vida do agricultor José Edilson de Lima, de 46 anos. Ele caiu de um coqueiro na região onde mora, em Porto Calvo. O agricultor, que continuou com os movimentos das pernas e braços, poderia ter complicações futuras, que “começariam com dores na coluna e deformidades, até atingir a paralisia completa dos membros”, explicou o neurocirurgião.
Segundo Fabrício Avelino, a cirurgia de José Edilson ocorreu na coluna torácica e do José Evânio, na coluna cervical. Ambas foram um sucesso e os dois já receberam alta médica. “Sinto-me um privilegiado. Não me imagino sem os movimentos das pernas. Preciso trabalhar, sustentar a família. Estou muito feliz por saber que fui um dos primeiros a realizar essa cirurgia aqui no HGE”, comemorou José Edilson.
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