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Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019. José Cicero Costa, de 48 anos, acaba de sair da Unidade de Hemodinâmica do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. Ele teve um infarto assim que chegou ao ambiente de trabalho, no dia 17 de janeiro e, após os procedimentos de emergência na maior unidade hospitalar pública de Alagoas, realizou cateterismo e angioplastia primária, colocando um stent, pequeno dispositivo usado para abrir a artéria obstruída.
Como José Cícero, muitas outras pessoas vêm sofrendo de um mal que pode desencadear infarto ou angina (dor no peito), quando acomete as artérias coronárias. Além destes problemas, o cardiologista do HGE, Rafael Cavalcanti, ressalta que pacientes com Aterosclerose sentem dor nas pernas ao andar, quando acomete as artérias dos membros inferiores ou ainda, Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como conhecido como "derrame", quando compromete as artérias carótidas ou cerebrais.
Dados da Unidade de Hemodinâmica do HGE revelam que cerca de 60% dos pacientes que entram na unidade hospitalar, apresentando diagnóstico de infarto cardíaco, desenvolveram a doença aterosclerótica ao longo da vida. “Esses pacientes também tiveram que ser submetidos à angioplastia coronária, procedimento que visa à desobstrução do vaso e reversão do quadro de infarto por meio do implante de um stent”, salientou Rafael Cavalcanti.
Ainda segundo o cardiologista do HGE, a aterosclerose provoca o acúmulo de gorduras nas paredes das artérias, as quais são responsáveis por levar sangue com oxigênio e nutrientes para os órgãos do corpo. Esse acúmulo causa seu estreitamento e obstrução, prejudicando o fluxo sanguíneo adequado para o órgão exercer a sua função.
“A doença se caracteriza pela inflamação e envelhecimento dos vasos sanguíneos, que acarreta a deposição de colesterol (um tipo de gordura) em suas paredes, causando sua obstrução parcial ou total. Quando esta doença acomete as artérias do coração, a obstrução instalada promove redução do fluxo sanguíneo e a falta de oxigênio necessário para o músculo cardíaco exercer sua função de bombear o sangue para a circulação”, explicou Rafael Cavalcanti.
O especialista do HGE salienta que, desta maneira, o músculo cardíaco recebe menos oxigênio que deveria e o indivíduo pode sentir dor no peito. “Essa dor por acontecer quando precisa realizar algum esforço físico, numa situação de estresse ou até mesmo em repouso, além de casos mais graves, em que a artéria pode ser obstruída completamente”, explicou.
Fatores de Risco – De acordo com ele, a aterosclerose é o principal fator fisiopatológico relacionado a doenças dos vasos sanguíneos e suas manifestações dependem do local que a doença se instala, sendo o acometimento do coração e do cérebro as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Rafael Cavalcanti afirmou que entre os fatores que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver aterosclerose, estão a pressão arterial elevada, colesterol alto, diabetes, obesidade, tabagismo, história familiar de doença cardíaca, sedentarismo, estresse e doenças inflamatórias crônicas.
“É uma doença que aumenta sua prevalência com a idade e, em geral, se manifesta em pessoas acima de 40 anos. No entanto, temos observado um aumento considerável de infartos em pacientes cada vez mais jovens, por volta dos 30 e até menos”, enfatiza o cardiologista do HGE.
Prevenção – Por esta razão, a mudança do estilo de vida ajuda a controlar os fatores de risco da doença, segundo o cardiologista. “Para prevenir a aterosclerose, recomenda-se não fumar, praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação saudável e balanceada, com quantidades adequadas de sal, açúcares e gorduras, além de controlar o peso, a pressão arterial, o diabetes, o colesterol e o estresse. Uma simples rotina de realizar atividades físicas regulares tem um excelente efeito terapêutico e consegue muitas vezes reduzir a necessidade de medicações", orientou o especialista.
Para Rafael Cavalcanti, as pessoas precisam compreender que a aterosclerose é frequente e que na fase inicial não produz sintomas. Isso significa dizer que o diagnóstico é fundamental e necessita que o indivíduo busque auxílio para realização de avaliação médica e exames de rastreio, já que a doença aterosclerótica é a principal causa de morte no mundo.
Referência – Desde 2016, o Hospital Geral do Estado (HGE) conta com a Unidade de Hemodinâmica, parceria entre o Governo de Alagoas e a Sociedade Beneficente do Coração de Alagoas (Cordial), braço social do Hospital do Coração (HCor), que, por meio do Programa America Telemedicina Infarct Network (Latin), possibilita o tratamento referenciado às vítimas de infartos em Alagoas, com interação da unidade hospitalar, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Nesses três anos de existência, o programa alagoano do infarto agudo do miocárdio tornou-se modelo para o país, sendo também referência na América Latina. Através do programa Latin, o HGE foi escolhido como referência na assistência às vítimas de infarto e recebeu o prêmio de Melhor Desempenho de 2017 do Programa Latin America Telemedicina Infarct Network Brasil.
De 2016 a agosto de 2018, a Unidade de Hemodinâmica do HGE realizou 3.367 procedimentos, entre cateterismo, angioplastia, implante de marca-passo e estudo eletrofisiológico. O programa alagoano do tratamento do infarto agudo do miocárdio foi implantado em 2015 com o intuito de ampliar o acesso dos pacientes da rede pública de saúde à técnica mais avançadas do mundo nos exames e tratamento cardiovasculares.
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