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Em diversas oportunidades escrevi sobre o enorme potencial do mercado da longevidade e, felizmente, vejo que aos poucos ele vem ganhando apelo no país. Um bom caso é o da ISGame, que acabou de receber um segundo aporte da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para ampliar seu trabalho na área de games para idosos. Em 2019, a empresa vai abrir franquia para seu curso, que tem dois tipos de aulas: uma ensina a jogar videogame – para aqueles da era pré-Atari – e a segunda é a cereja do bolo, ensinando adultos acima dos 50 a criar seus próprios jogos.
O idealizador da ISGame, a International School of Game, é Fabio Ota, profissional com mais de 20 anos de experiência em tecnologia da informação e com MBA da FGV-SP nessa área. Graças a uma injeção de R$ 200 mil dada pelo programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), em 2016 ele iniciou o projeto: o objetivo era realizar uma pesquisa que comprovasse a relação entre games e a melhora cognitiva de indivíduos mais velhos.
Ao todo, 75 idosos participaram da iniciativa que, nessa primeira fase, tinha três turmas: uma de inclusão digital, para quem não dominava as ferramentas básicas como navegar na rede e acessar e-mails; outra para ensinar a jogar videogames; e a terceira para criar jogos. “Essa primeira fase foi para desenvolver a pesquisa e mostrar que ela tinha fundamento, e os resultados não deixavam dúvida: os alunos apresentaram um quadro de melhora em concentração, raciocínio lógico, memória e qualidade de vida, principalmente os que desenvolveram videogames”, ele conta. No fim do curso, as famílias visitam a oficina e os idosos apresentam suas criações “vemos netos encantados com os avós que desenvolveram games, com exclamações do tipo ‘nossa, vó, foi a senhora que fez isso?’. Há um ganho enorme de autoestima”, acrescenta Ota.
A convivência com os mais velhos também levou a equipe da ISGame a aperfeiçoar os jogos de memória e lógica que são oferecidos aos participantes: “aprendemos com eles que design gráfico é o mais amigável, pensando nas melhores cores e fontes a serem utilizadas”, diz. Na elaboração do roteiro, os alunos vão sendo estimulados aos poucos: “vamos propondo as questões por etapas. Como será o personagem? E o cenário? Qual vai ser o objetivo: achar um tesouro? Como tornar essa busca interessante: vai ser com a criação de um labirinto, ou inventando um inimigo? O roteiro vai sendo construído por camadas, para que todos se sintam confortáveis e cada um vá no seu ritmo”, explica. Na sede, que funciona no bairro do Butantã, em São Paulo, já há uma turma avançada, que está há um ano fazendo o curso e começa a dar os primeiros passos para criar um jogo mais complexo de RPG.
Nesta segunda fase com o apoio da Fapesp, o objetivo é levar o produto a ganhar escala de mercado. Por isso a empresa vai abrir franquias em 2019, com o devido treinamento do franqueado para que o foco seja o bem-estar do idoso. Inclusive, uma das exigências será a de que os instrutores tenham mais de 50 anos. Os dois jogos criados pela equipe para as turmas que estão aprendendo a jogar também serão lançados, enquanto outros serão desenvolvidos – a ideia é contar com um leque amplo de opções que ficará disponível mediante assinatura. “Queremos usar músicas das décadas que remetam à juventude desse público e os jogos não serão baseados em competição, e sim com a finalidade de melhorar as habilidades das pessoas”, antecipa Fabio Ota.
Fonte; G1
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