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22/08/2016 08:58
Cidades
Comunidade quilombola recebe barracas de lona em substituição a moradias de sapê
Iniciativa do Governo de Alagoas favorece moradores do povoado Tabacaria em Palmeira dos Índios
Barracas de lona são provisórias, direcionadas há quinze famílias de quilombolas, cujas moradias foram classificadas como as mais vulneráveis e prestes a desabar a qualquer momento / Foto: Pinehas Furtado
Agência Alagoas

Com um sorriso no rosto, embora a vida não lhe confira tanto motivo para sorrir, dona Maria de Fátima da Silva, 35, mostra a situação da casa de sapê em que habita com seus dois filhos e o marido.



Localizada num terreno envolto de culturas de milho e feijão, o domicílio abriga dois espaços. O primeiro concentra sala e quarto. O segundo, cozinha. Todos precários e com pouco utensílio. A casa é pequena na largura e na altura, tanto que para passar de um cômodo para o outro tem que se abaixar. O chão é de terra batida.

 

As linhas e caibros do telhado são escorados por madeiras para evitar que caia em cima da família. Em duas ocasiões a casa ia cedendo. Uma condição de risco que ela é obrigada a enfrentar todos os dias.

 

“Tem hora que a gente não aguenta. De noite ouço estalo no telhado e penso que vai cair. sem falar nos bichos, como rato, cupim, caranguejeira e cobra. Ontem mesmo matei uma coral na porta de casa”, disse dona Fátima, com uma naturalidade própria de quem está costumada com esses perigos.



O cenário de dona Fátima, não é diferente de dona Leni Maria da Conceição da Silva. Ela também é moradora de um barraco feito de barro. O pequeno espaço de mais ou menos cinco metros quadrados se mostra frágil no inverno.



“Quando a chuva cai eu boto as panelas para aparar os pingos e envolvo os netos com plásticos para não molhá-los. Mas quando ela vem grossa, o chão se transforma em lama e o telhado estrala aí a gente fica com medo que o barraco desabe”, declarou dona Leni, observando ao lado de vizinhos, a movimentação em torno de sua moradia.

 

A agitação a qual ela fitava, era do grupo da Defesa Civil que fora convidado pela Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego (Sete), para armar quinze barracas de lona, na última quinta-feira (18), a alguns moradores do povoado de Tabacaria em Palmeira dos Índios, desde 2008 considerado oficialmente como primeiro território reconhecidamente quilombola.

 

Num esforço em conjunto, o grupo mobilizado pela Defesa Civil levantou rapidamente as barracas de lona. Dona Leni que teve a sua montada ao lado de seu casebre aprecia a janela de sua nova morada. Dona Fátima, foi levada para conhecer o interior da barraca adequada para se abrigar a noite quando a temperatura no alto do morro, onde fica a Tabacaria desce a mais ou menos 12 graus.

 

“As barracas de lona são provisórias, direcionadas há quinze famílias de quilombolas, cujas moradias foram classificadas como as mais vulneráveis e prestes a desabar a qualquer momento. É bom lembrar que é proibido usar fogão no interior da barraca. Cumprimos nossa missão e estamos à disposição para atender as necessidades desta e de outras comunidades”, afirmou o major Moisés Melo, responsável pelo grupo.

 

O tempo de utilização das barracas de lona vai durar à medida que cada uma das cinquenta casas em alvenaria, inseridas na primeira fase do Plano Nacional de Habitação Rural (PNHR), forem sendo construídas e finalizadas.



A primeira casa modelo deve ser entregue no início de setembro. Mas a previsão de conclusão das obras é em até doze meses.



Com a presença de representantes do Governo de Alagoas e a palavra de que a promessa será cumprida, tanto dona Fátima como dona Leni, tem a esperança renovada e não veem a hora de conquistar à tão sonhada casa própria.

 

“Quando minha casa sair, vai ser bom porque não vou mais ouvir os estalos da linha como ontem à noite”, disse Fátima em risadas de alegria.



“Primeiro conquistamos a terra onde moramos. Agora, estamos próximos de conseguir a nossa casa. Foi uma luta, mas graças a Deus está chegando esse momento tão sonhado por todos”, emendou Leni.

 

Para que tudo saia da forma como foi planejada, a Secretaria do Trabalho e Emprego está elaborando um cronograma de ações em favor do povoado Tabacaria.



“Junto com esse esforço, vamos tentar promover uma força tarefa com outras secretarias levando saúde, educação, água e outras políticas públicas a fim de que se possa resgatar a dignidade para essa comunidade quilombola tão necessitada”, disse Maria José da Silva, chefe de gabinete da Sete.

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