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Com um sorriso no rosto, embora a vida não lhe confira tanto motivo para sorrir, dona Maria de Fátima da Silva, 35, mostra a situação da casa de sapê em que habita com seus dois filhos e o marido.
Localizada num terreno envolto de culturas de milho e feijão, o domicílio abriga dois espaços. O primeiro concentra sala e quarto. O segundo, cozinha. Todos precários e com pouco utensílio. A casa é pequena na largura e na altura, tanto que para passar de um cômodo para o outro tem que se abaixar. O chão é de terra batida.
As linhas e caibros do telhado são escorados por madeiras para evitar que caia em cima da família. Em duas ocasiões a casa ia cedendo. Uma condição de risco que ela é obrigada a enfrentar todos os dias.
“Tem hora que a gente não aguenta. De noite ouço estalo no telhado e penso que vai cair. sem falar nos bichos, como rato, cupim, caranguejeira e cobra. Ontem mesmo matei uma coral na porta de casa”, disse dona Fátima, com uma naturalidade própria de quem está costumada com esses perigos.
O cenário de dona Fátima, não é diferente de dona Leni Maria da Conceição da Silva. Ela também é moradora de um barraco feito de barro. O pequeno espaço de mais ou menos cinco metros quadrados se mostra frágil no inverno.
“Quando a chuva cai eu boto as panelas para aparar os pingos e envolvo os netos com plásticos para não molhá-los. Mas quando ela vem grossa, o chão se transforma em lama e o telhado estrala aí a gente fica com medo que o barraco desabe”, declarou dona Leni, observando ao lado de vizinhos, a movimentação em torno de sua moradia.
A agitação a qual ela fitava, era do grupo da Defesa Civil que fora convidado pela Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego (Sete), para armar quinze barracas de lona, na última quinta-feira (18), a alguns moradores do povoado de Tabacaria em Palmeira dos Índios, desde 2008 considerado oficialmente como primeiro território reconhecidamente quilombola.
Num esforço em conjunto, o grupo mobilizado pela Defesa Civil levantou rapidamente as barracas de lona. Dona Leni que teve a sua montada ao lado de seu casebre aprecia a janela de sua nova morada. Dona Fátima, foi levada para conhecer o interior da barraca adequada para se abrigar a noite quando a temperatura no alto do morro, onde fica a Tabacaria desce a mais ou menos 12 graus.
“As barracas de lona são provisórias, direcionadas há quinze famílias de quilombolas, cujas moradias foram classificadas como as mais vulneráveis e prestes a desabar a qualquer momento. É bom lembrar que é proibido usar fogão no interior da barraca. Cumprimos nossa missão e estamos à disposição para atender as necessidades desta e de outras comunidades”, afirmou o major Moisés Melo, responsável pelo grupo.
O tempo de utilização das barracas de lona vai durar à medida que cada uma das cinquenta casas em alvenaria, inseridas na primeira fase do Plano Nacional de Habitação Rural (PNHR), forem sendo construídas e finalizadas.
A primeira casa modelo deve ser entregue no início de setembro. Mas a previsão de conclusão das obras é em até doze meses.
Com a presença de representantes do Governo de Alagoas e a palavra de que a promessa será cumprida, tanto dona Fátima como dona Leni, tem a esperança renovada e não veem a hora de conquistar à tão sonhada casa própria.
“Quando minha casa sair, vai ser bom porque não vou mais ouvir os estalos da linha como ontem à noite”, disse Fátima em risadas de alegria.
“Primeiro conquistamos a terra onde moramos. Agora, estamos próximos de conseguir a nossa casa. Foi uma luta, mas graças a Deus está chegando esse momento tão sonhado por todos”, emendou Leni.
Para que tudo saia da forma como foi planejada, a Secretaria do Trabalho e Emprego está elaborando um cronograma de ações em favor do povoado Tabacaria.
“Junto com esse esforço, vamos tentar promover uma força tarefa com outras secretarias levando saúde, educação, água e outras políticas públicas a fim de que se possa resgatar a dignidade para essa comunidade quilombola tão necessitada”, disse Maria José da Silva, chefe de gabinete da Sete.
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