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Ter um bom emprego, uma casa e formar uma família. Esses são os maiores desejos de boa parte da população, somados à qualidade de vida e longevidade. Sendo assim, muitas pessoas saem em busca de estabilidade profissional e procuram trabalho em outras nações, longe da pátria em que nasceram e cresceram. Um exemplo disso é o dos médicos cubanos, que deixaram o país caribenho e vieram para o Brasil trabalhar nas cidades que faziam parte do programa Mais Médicos, um convênio firmado entre os governos brasileiro e de Cuba.
O acordo entre os dois países chegou ao fim no início da gestão do presidente da República Jair Bolsonaro. O Governo Federal anunciou que seria exigido a validação dos diplomas dos profissionais e também criticou o modelo da parceria, onde Governo Cubano ficava com 75% do salário dos médicos que atuavam em solo brasileiro, pouco mais de R$ 3 mil, valor 10 vezes maior do que o salário praticado em Cuba, atualmente. Dos 8.517 médios cubanos que atuavam no Brasil, pouco mais de dois mil permanecem no país e aguardam a aplicação do Revalida, o exame obrigatório para a revalidação dos diplomas de medicina obtidos fora do Brasil.
Entre eles, Arnulfo Martinez Cruz, formado em medicina há 19 anos, e Barbara Danay, formada há 6 anos, vivem em Palmeira dos Índios. Ele trabalhou na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro de Salgada, e ela na UBS de Vila Nova. Ambos casaram com palmeirenses, regularizaram toda a situação documental e viram a oportunidade de uma vida melhor e mais rentável a partir do Mais Médicos. Eles tinham conhecimento do modelo a ser aplicado e sabiam da porcentagem que o Governo de Cuba arremataria. Com o fim do programa, ficaram desempregados e recorreram ao prefeito Júlio Cezar que decidiu ajudá-los.
Arnulfo foi atuar na área técnica da Rede de Frio, local de armazenamento de vacinas da Secretaria Municipal de Saúde de Palmeira dos Índios (SMS) e Barbara na farmácia da Secretaria, na distribuição de medicamentos controlados. "Tudo isso graças ao prefeito Júlio Cezar, que foi sensível à nossa situação. Quando conversamos com o prefeito, ele se colocou em nosso lugar e se imaginou morando em um país que não era o dele e, de repente, ficar sem emprego. Apesar de não ser a nossa área, de estarmos trabalhando na área técnica, dá para pagar as contas e não temos como agradecer ao prefeito por isso. Principalmente agora, quando minha esposa está grávida do nosso primeiro filho", disse o médico cubano.
Sensível à situação dos dois médicos, o prefeito Júlio Cezar disse que é preciso ter um olhar mais humano para esses profissionais. "Tem momentos em que o lado humano supera qualquer coisa. Não poderíamos deixar que eles, que são ótimos profissionais, ficassem desamparados. Mas por causa da lei, que não permite que eles ocupem os cargos sem o referido exame, o Revalida, eles não estão, no momento, exercendo a medicina no nosso município. Aguardamos que o Governo Federal retome o programa para que os médicos também assumam as suas funções, pois são ótimos profissionais e merecem atuar na área em que estudaram para isso", afirmou Júlio Cezar.
Entre o Brasil e a filha que deixou em Cuba
Situação mais delicada é a de Barbara Danay. Apesar de ter casado e conseguido um emprego em Palmeira, agora, ela luta para trazer a filha de apenas 5 anos para o Brasil. A menina ficou em Cuba, sob os cuidados da ex-sogra de Barbara. Emocionada, ela disse que tenta juntar dinheiro para buscar a filha, que só poderá deixar o país caribenho com ela. As passagens custam mais de R$ 5 mil. "Agradeço muito ao prefeito Júlio por ter me dado a oportunidade de permanecer em Palmeira, pois casei aqui e quero permanecer nessa terra que me acolheu tão bem. Com o dinheiro que recebo na Secretaria pago as minhas contas, mas também junto um pouco, a cada mês, para buscar a minha filha. Ela não dorme direito e só chora. A minha angústia, como mãe, é grande, pois o que quero é só dar uma vida melhor à ela, junto de mim e do meu marido", afirmou Barbara.
E continuou. "Sei que não será fácil sair daqui e viajar para Cuba. As passagens são caras e tudo que precisa ser resolvido por lá precisa que eu esteja presente, pois minha filha é criança. Não sei quanto tempo vai demorar, pois possuo apenas uma parte muito pequena desse dinheiro para ir buscá-la. Estou muito preocupada, pois mantenho contato com minha família, que me informa que a minha filha só chora, sentindo a minha falta. Mas temos muita esperança que o programa Mais Médicos possa nos contemplar e, dessa forma, terei o dinheiro mais rapidamente para fazer a viagem, para que possamos ficar juntas de forma definitiva", completou Barbara Danay.
Fonte: Assessoria
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