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08/01/2017 09:00
Entretenimento
“Aldo”: a mesma miséria, mas nem tanta violência
O que é ficção na série da Globo sobre o astro do MMA, adaptada do longa de Afonso Poyart
Lutador de UFC, José Aldo, e ator que o interpreta em filme, José Loreto / (Buda Mendes/Getty Images; Alexandre Ermel/Divulgação)
VEJA

 Há algumas semanas, o editor Marcelo Marthe assinou reportagem nas páginas de VEJA sobre o que é real e ficção na ótima série The Crown, sobre a Rainha Elizabeth II. E escreveu: “O crescendo dramático é tão arrepiante que o espectador é levado a pensar: será que é tudo só história, no sentido de lorota mesmo? Ou seria História de verdade, com H maiúsculo?”

A dúvida inspirou o mote e o nome deste blog. Se você se interessa por séries ou filmes biográficos e históricos e gostaria de entender melhor os fatos nos quais se baseiam, sugerimos salvar este blog na sua barra de links favoritos, leitor!

Na estreia, esmiuçamos as cenas de Aldo – Mais Forte Que o Mundo, minissérie exibida pela Globo na última semana, derivada do filme de Afonso Poyart, diretor também do elogiado 2 Coelhos.

A produção, que esquentou a audiência da Globo, conta a trajetória do manauara José Aldo (José Loreto), um dos maiores lutadores de MMA do Brasil. Poyart, que também assina o roteiro, conta que algumas adaptações foram necessárias. O atleta viveu infância e adolescência pobres em Manaus, ao lado do pai alcoólatra que agredia sua mãe, personagens de Jackson Antunes e Claudia Ohana. Na juventude, muda-se para o Rio de Janeiro, onde tenta a vida como lutador e conhece Viviane, sua mulher.

“José Aldo tem uma grande história, mas em alguns momentos é preciso ‘ficcionar’ um pouco para pegar a plateia. Alguns elementos são cinematográficos, mas a essência da história está lá”, diz Poyart.

 

1 – PAULADA NA CARA


Uma das cenas mais famosas do filme e da série é o golpe com uma ripa que José Aldo desfere em Fernandinho, personagem de Rômulo Arantes Neto (na verdade, a pancada foi no pai dele, como fica evidente depois). A agressão não aconteceu. E o personagem é um antagonista inventado para manter tensão dramática.

A ideia das pauladas, porém, veio das conversas com o próprio José Aldo. “Ele me contou que os moleques se batiam com madeiras, meio tirando onda. Uma brincadeira violenta, mas acho que não para machucar naquele jeito”.

 

2 – A RELAÇÃO COM O PAI


O pai do lutador sempre representou um paradoxo para o atleta. Por um lado, era mesmo alcoólatra e violento, como mostra a série. Por outro, era seu grande incentivador no esporte, inclusive na ideia de tentar a sorte no Rio de Janeiro. A cena em que entrega um bolo de dinheiro para que viajasse, porém, não aconteceu exatamente daquela forma. “Ele ajudou a juntar dinheiro, mas não foi em uma única conversa assim, de uma vez.”

 

3 – A BRIGA NO BAR


Para se manter no Rio, José Aldo arranja emprego na cozinha de uma lanchonete. Até aí, tudo verdade. Mas não existiu a cena em que o amazonense dá uma surra em três grandalhões depois que mexeram com Vivi (Cleo Pires), a garota por quem estava interessado. Na série, esse momento é um ponto de virada, no qual o treinador, que esperava seu lanche no estabelecimento durante a quebradeira, vê o potencial para o octógono. “José Aldo conquistou seu espaço e foi ganhando a confiança do treinador aos poucos, de maneira mais orgânica. No filme, acontecer dessa forma rápida traz mais impacto.”

 

4 – VIVIANE


A personagem de Cleo Pires não só existiu, como segue a mulher de José Aldo. De família de classe média, ela conheceu o lutador na academia. A cena em que ela briga com ele na favela, dizendo que não quer lavar cuecas, foi relatada pelo casal.

 

5 – LUIZA


Já a personagem de Paloma Bernardi, romance dos tempos de Manaus com quem José Aldo trai Vivi, não existiu. Mas funciona no filme como interpretação de carne e osso de algo presente em sua vida: a dificuldade de se desvencilhar do apego a Manaus.

 

6 – ORIGEM MISERÁVEL


A casa pobre (quase insalubre) de José Aldo na favela é um retrato fiel da original. “Estive lá. Fica mesmo em uma comunidade e é até um pouco menor do que foi mostrada”.

Curiosidade: as cenas não foram rodadas em Manaus. O diretor usou Santos para cenas ribeirinhas. E também a favela de Heliópolis, em São Paulo.

 

7 – LUTA DE ESTREIA


A primeira luta do atleta aconteceu mesmo de forma improvável, como mostra a série: substituindo um outro atleta ausente. Diferente do que é narrado, porém, esse lutador não se machucou jogando futebol. “Ele simplesmente sumiu.” O embate de estreia, porém, termina mesmo em vitória.

 

8 – PRIMEIRA DERROTA


José Aldo foi derrotado em uma luta em início de carreira, na qual entrou mais por dinheiro do que por convicção. Mas, ao contrário do que é mostrado, seu técnico não se opôs ao embate.

 

9 – A CICATRIZ


Essa ficou para o último episódio, em flashback: a origem da cicatriz no rosto do lutador foi realmente uma queimadura com grelha.

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