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27/12/2016 11:09
Polícia
Policiais federais são suspeitos de enviar bomba a advogado em Goiás
Polícia Civil diz que os dois agentes, que estão aposentados, foram presos. Vítima perdeu três dedos por conta de explosivos, em julho deste ano
Advogado Walmir Oliveira da Cunha perdeu três dedos em atentado, em Goiás / (Foto: Sílvio Túlio/G1)
Fernanda Borges e Murillo Velasco Do G1 GO

 A Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira (27), os dois policiais federais aposentados Ovídio e Valdinho Rodrigues Chaveiro, que são irmãos, suspeitos de enviar um pacote com uma bomba para o advogado Walmir Oliveira da Cunha, de 37 anos, em Goiânia, em julho deste ano. Segundo a Polícia Civil, além dos dois mandados de prisão temporária contra eles, também foram cumpridos sete de busca e apreensão e três de condução coercitiva.
De acordo com o delegado Valdemir Pereira da Silva, da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), a suspeita é que o crime tenha sido motivado por uma ação familiar ganha pelo advogado. "Neste momento a polícia está analisando todos os objetos apreendidos e posteriormente falará mais sobre os fatos. Queremos deixar claro que recebemos o apoio da Polícia Federal nesta ação e do Instituto de Criminalística", disse o delegado.
Além dos policiais detidos, um terceiro irmão deles também foi levado para a Deic por portar uma arma de fogo.

As defesas dos suspeitos detidos ainda não foram localizadas para comentar o caso. O G1 também tenta contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal em Goiás, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.

O atentado aconteceu no último dia 15 de julho, quando o Walmir recebeu um pacote de uma bebida em seu escritório, mas o conteúdo explodiu assim que foi aberto. Um segurança que trabalhava em um estabelecimento próximo ao local socorreu o advogado. A vítima perdeu três dedos e quebrou o pé por causa da explosão.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Prerrogativos da OAB-GO, Erlon Fernandes Cândido de Oliveira, a instituição ainda não tem conhecimento sobre o teor da ação judicial que teria motivado o atentado.

“O objeto desta ação judicial nós não sabemos informar qual foi. O papel da Ordem é acompanhar para que o crime não fique sem resolução, a partir do momento em que for definida a autoria, a Ordem continuará atuando na acusação. A partir do momento em que um advogado é violentado no exercício profissional, a administração da Justiça é ameaçada”, disse.
Câmeras de segurança flagraram a movimentação de um homem que entregou o pacote para um motoboy, que o levou até o advogado. Segundo o delegado, o motoboy não tinha consciência do atentado e foi por meio do depoimento dele que a corporação chegou até o local e às imagens.
“O motoboy é inocente. Cabe dizer que a pessoa que entregou esta bomba ao motociclista usou de vários disfarces, colocou propositadamente uma tala no braço direito. Tudo indica que ele colocou isso para disfarce. Em outros momentos, quando ele percebia a câmera de vigilância ele abaixava a cabeça”, disse.
Silva já havia informado sobre a suspeita de que um policial estivesse envolvido no atentado. “Pelo estágio da investigação, percebe-se que o crime foi muito bem planejado, praticado por um profissional, e tudo indica que há um policial envolvido nesta trama criminosa”, afirmou.
O delegado ressaltou o alto poder de destruição da bomba enviada ao advogado. “A intenção da pessoa que encaminhou o artefato explosivo era matar o advogado. Esta bomba tinha poder para isso, só não o matou porque o advogado, ao ouvir o barulho, ele tirou a bomba de perto do seu peito, e foi nesse momento, em que ela estava distante, é que houve a explosão”, revelou.

Os responsáveis pelo atentado devem responder por tentativa de homicídio qualificado, por crime de explosão e também por crime de dano contra o escritório da advocacia, que ficou destruído.

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