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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está comemorando 30 anos de atuação e de luta pela construção da reforma agrária popular em Alagoas. E, para celebrar, escolheu o município de Delmiro Gouveia – local onde ocorreu a primeira ocupação de terra – para promover o 26º Encontro Estadual e a cerimônia de formatura dos educandos e educandas no método cubano de alfabetização “Yo Si Puedo” (Sim, eu posso!), que ocorreu na quarta-feira (20), no Clube Palmeirão, e foram certificados 216 homens e mulheres das mais diversas idades.
Durante o período de três meses, a Brigada Nacional de Alfabetização Nise da Silveira – composta por educadores de dez estados, que têm a responsabilidade pedagógica de acompanhar o desenvolvimentos dos trabalhos – fez a campanha de alfabetização nos acampamentos, assentamentos, povoados, comunidades rurais e bairros periféricos dos municípios de Delmiro Gouveia, Olho D´Água do Casado e Piranhas localizados no Alto Sertão alagoano.
Na solenidade, o diretor-presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Silva, representou o governador de Alagoas, Renan Filho, e parabenizou pelo trabalho do movimento que, além de fortalecer a agricultura familiar, investe na transformação da sociedade proporcionando o acesso à educação em locais de difícil acesso ou com pouca estrutura.
“O MST encontra-se de parabéns pelo trabalho sério e responsável com as pessoas mais carentes, e principalmente, pelo carinho e dedicação com os assentados e acampados. Não se preocupa apenas com a terra, e sim, com a educação e isso é um exemplo para todo o Estado. Porém, eu fico triste em ver que a reforma agrária está acabando em nosso país por falta de recursos federais. A reforma agrária é uma ação que deu certo, o que falta é condições de trabalho, temos pessoas trabalhadoras que precisam apenas do incentivo e de condições melhores”, declarou Jaime Silva.
Também estiveram presentes: a prefeita de Piranhas, Maristela Dias; o prefeito de Olho D´Água do Casado, José dos Santos; representantes do Incra-AL, Central Única dos Trabalhadores (CUT-AL), Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) e o Sindicato dos Urbanitários; além de professores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A agricultura e dona de casa, Maria Francisca Barbosa, de 57 anos, é mãe de cinco filhos e realizou o sonho de assinar o próprio nome. “Quando eu era criança, o meu pai mandava eu ir pegar a enxada e ir ajudar na roça. E agora tive essa oportunidade, a minha filha me inscreveu para participar das aulas. Foi muito difícil, porque trabalhava o dia todo e muitas vezes não tinha forças para ir estudar, mas não desisti e aprendi sim. Valeu muito a pena e agradeço a todos!”, relatou.
Já a assentada Luzinete Zafira do Nascimento emocionou a todos quando disse que: "Pela primeira vez escrevi uma carta para minha filha, que mora em São Paulo e eu estou muito feliz".
A professora Consuelo, presidente do Sinteal, afirmou que o ato de alfabetizar é o mesmo que ajudar as pessoas a conhecerem o mundo, a ser cidadão, e isso é um compromisso revolucionário. E João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, destacou que “não há transformação da sociedade, com pessoas sem saber ler e escrever”.
Entenda o método
O método ‘Sim, eu posso!” foi elaborado em Cuba na década de 60, foi uma das principais ferramentas para a superação do analfabetismo naquele país e é uma das inspirações para outros territórios. Recentemente, Bolívia, Equador e Venezuela, foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como países que superaram o analfabetismo; e países considerados desenvolvidos como Canadá, Austrália e Espanha utilizam o método para baixar seus índices de analfabetismo.
Busca alfabetizar uma pessoa após 65 aulas em vídeo, um tempo recorde para cursos do tipo, que costumam durar de seis a oito meses. Apoiado nas telenovelas é aplicado em turmas reduzidas; os/as educandos/as observam atentamente os capítulos e se aproximam de cada letra do alfabeto, facilitando a memorização e o aprendizado de cada letra. Aos poucos, vão juntando os numerais e passam a construir e identificar palavras e frases.
O contato do MST com o método deu-se no início na década passada, e em 2006 fez as primeiras experiências em solo brasileiro. No Nordeste, já foi multiplicado nos estados do Maranhão, Ceará, Piauí e Paraíba; e em Alagoas, a instalação ocorreu em setembro deste ano, com ato político no auditório do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) – Campus Piranhas.
Fonte: Assessoria
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