SAÚDE E ESPIRITUALIDADE / Victor Oliveira
É este o título do livro daquele que está entre os mais importantes filósofos, teólogos e pensadores cristãos da história: o catarinense Leonardo Boff. Em linguagem mais acessível do que aquela mais técnica utilizada no livro “A Trindade, a Sociedade e a Libertação” (Editora Vozes), o escritor nos aproxima de um dos mistérios mais fascinantes do Cristianismo: o da Santíssima Trindade, constituída pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo em perfeita comunhão.
A comunhão é uma das características mais importantes da relação que as Três Pessoas da Trindade estabelecem entre elas, sendo, portanto, uma característica que serve de modelo para as relações entre os membros da grande comunidade cristã e para as relações que esses membros estabelecem com aqueles e aquelas que constituem o cosmos, isto é, o universo em todo o seu conjunto.
Conforme registra Leonardo Boff, “As três Divinas Pessoas emergem desde sempre juntas. Nunca existiram separadas nem uma antes da outra. Quando falamos em Trindade não devemos pensar em número. Porque se for número, Deus é um só. Quando falamos em Trindade não queremos multiplicar Deus, mas expressar a natureza essencial de Deus como comunhão, vida e amor. Estas palavras supõem que em Deus há diferenças entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles são diferentes para poderem estar em relação entre si e eternamente em comunhão”.
Dessa relação trinitária é que se depreende a perspectiva comunitária, de intimidade perfeita que se aprofunda assumindo radicalmente o amor e a vida. É essa característica da relação entre as Pessoas da Trindade que deve ser assumida pela comunidade cristã, sobretudo, pela comunidade humana, desde já, no mundo, até a irrupção da eternidade quando a vida assumirá sua dimensão última.
O pensador reafirma que “todos nós fomos criados à imagem e semelhança da Trindade. Por isso, somos também seres de relação, de comunhão e de amor. Sempre que vivemos estas realidades tornamos visível em nós e através de nós o Deus Trindade. É bom sabermos e sentirmos que estamos mergulhados em um Deus comunhão. Ele nos convida a participar de sua realidade. Nosso futuro é vivermos eternamente em comunhão com Deus e com todos os seres do universo, que também estão envolvidos na mesma comunhão divina”.
Todavia, o modelo de relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo não é assumido pela comunidade cristã quando esta não se estabelece no amor e na comunhão. Ao invés de testemunhar o relacionamento entre as Três Pessoas da Trindade, a comunidade cristã faz o contrário por meio do ódio e da exclusão. É o que aconteceu ao longo da história e continua sendo comum nos tempos atuais, pois o que vemos, salvo as exceções, são comunidades cristãs de membros que se odeiam, se desconsideram, se repelem e acabam por reforçar a exclusão de uns e de outros da relação comunitária.
Não há exclusão entre as Pessoas da Trindade. Portanto, não deve haver exclusão entre os membros da comunidade cristã que desejam testemunhar a relação que as Pessoas da Trindade estabelecem entre si como um modelo a ser seguido. A Santíssima Trindade é o melhor exemplo de comunhão, ela é a melhor comunidade cujo exemplo deve ser seguido.
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