SAÚDE E ESPIRITUALIDADE / Victor Oliveira
A entrada de Jesus em Jerusalém tem a ver com alguém (Messias) que vem para salvar o povo. Entre os judeus daquele tempo, havia muita expectativa sobre a vinda do Messias e havia diferentes interpretações sobre isso: havia os que esperavam um Rei (Mt 27, 11); um Santo ou Sacerdote (Mc 1, 24); um Guerrilheiro (Lc 23, 5; Mc 13, 6-8; 15, 6); um Doutor (Jo 4, 25); um Juiz (Lc 3, 5-9; Mc 1, 8); um Profeta (Mt 21, 11).
Na atualidade, qualquer semelhança com essas diferentes expectativas do passado apresentadas pelas Escrituras, especialmente no Novo Testamento, não é mera coincidência. Há diferentes interpretações sobre Jesus, inclusive, entre os próprios cristãos. Lembremos da pergunta de Jesus aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8, 29). Um Rei? Um Santo ou Sacerdote? Um Guerrilheiro? Um Doutor? Um Juiz? Um Profeta?
O Evangelho de Lucas narra Jesus em uma sinagoga lendo um texto das Escrituras. E o que Jesus lê? Ele lê uma passagem do livro do Profeta Isaías (61, 1-2) que o identifica como aquele que serve a Deus anunciando a Boa Nova, servindo aos pobres, aos contritos de coração, aos cegos, aos cativos (Lc 4, 18-19).
Interessante que o mesmo livro, do Profeta Isaías, registra o modo messiânico que se confirma em Jesus, e não é o modo de um Rei, Santo ou Sacerdote, Guerrilheiro, Doutor, Juiz ou simplesmente de um Profeta: mas de um servo. O núcleo das passagens do livro de Isaías nos capítulos 42, 49, 52 e 61 no que se refere ao Messias, é o serviço. O Messias de Deus é um servo!
Observemos os detalhes destacados pelos evangelhos que registram a entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21; Mc 11; Jo 12): pobre, desarmado, sentado em um jumento, aclamado pelos pobres que o acompanhavam balançando ramos e exclamando: Hosana! (Isto é, salva-nos!). Qual a semelhança entre um pobre, desarmado e sentado em um jumento com um Rei, Santo ou Sacerdote, Guerrilheiro, Doutor, Juiz ou Profeta?
Por que tanta dificuldade em compreender que Jesus não veio ao mundo para ser servido, mas para servir? Temos a capacidade para acolher Jesus como ele é e preparar o caminho missionário para que Jesus seja apresentado como um servidor, e não um poderoso? O que mais nos interessa em Jesus, o serviço ou o poder? Quem é Jesus para nós, hoje?
“E vós, quem dizeis que eu sou?”
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