SAÚDE E ESPIRITUALIDADE / Victor Oliveira
No texto anterior, sobre a ressurreição de Jesus Cristo, destacamos duas dimensões da ressurreição, a social e a escatológica. Com isso, vale dizer que a dimensão social é o ponto de partida para a dimensão escatológica.
O evangelista João registra no capítulo 1, versículo 14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória [...]”. Dito com outras palavras, o divino se tornou humano.
Falar sobre a ressurreição é destacar o porvir através do agora, é unir céu e terra e sintetizá-los como uma grande totalidade.
O que era utopia para algumas concepções judaicas se transformou em topia para a compreensão cristã. Utopia pode ser entendida como algo irrealizável. Topia, o inverso disso. O que se quer dizer é que o Reino de Deus, outrora distante, se torna próximo porque conhecemos em Jesus a sua dimensão social, mas que é misterioso porque não alcançamos a sua forma transcendente que se dará por meio da ressurreição.
O nosso mundo não bastou para Jesus nem Deus o reduziu àquele. É importante sublinhar também que esse mundo não nos basta nem a ele nós seremos reduzidos. Haverá o dia da nossa Páscoa definitiva, da nossa passagem, no curso da qual a nossa vida se transfigurará e assumirá sua forma última na transcendência através da ressurreição. E até a transcendência, que não a conhecemos, temos muito a fazer aqui, na imanência do nosso corpo através da imanente circunstância histórica do mundo que o conhecemos.
O Deus revelado por Jesus Cristo veio até a história para assumi-la e incluí-la como parte de uma totalidade que se concretiza para além da própria história. Jesus assumiu perfeitamente esse desígnio. Ele humanizou o divino e divinizou o humano.
Não podemos esquecer jamais que por meio da história se chega à transcendência. Jesus Cristo nos mostrou que é assim e isso é um dado concreto para a nossa fé. O nosso desafio é unir história e transcendência, céu e terra, vida, morte e ressurreição. É através da dimensão primeira (imanente, histórica) que se chega à última (transcendente, metafísica). Supervalorizar uma dimensão em detrimento da outra é estar alheio de ambas.
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